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CPI do Finor denuncia grupo de S.Bernardo
Vinícius Casagrande
Do Diário do Grande ABC
12/04/2001 | 01:23
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  A Comissão Parlamentar de Inquérito do Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste) concluiu que o Grupo Injemar Artefatos de Aço, com sede em São Bernardo, pode estar envolvido com fraudes na Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste). O Finor é uma agência financiadora de projetos ligados à Sudene.

O Grupo seria responsável por um desvio de R$ 1,9 milhão. Os recursos foram destinados para a construção da Metalúrgica 4 de Maio, da qual o Grupo Injemar é o principal controlador. A obra deveria ter sido feita no município de Capitão Enéas, situado no norte de Minas Gerais, mas não foi concluída. O projeto, aprovado em 1998 pela Sudene, previa um repasse total de R$ 12 milhões. O valor integral para a instalação da empresa era de R$ 41,8 milhões.

O relator da CPI, deputado federal José Pimentel (PT-CE), afirmou que esteve no local onde deveria ser construída a metalúrgica em 15 de junho do ano passado para constatar as irregularidades. “Onde deveria haver a indústria, existia apenas umas 30 estacas”, disse. Segundo o deputado, o projeto previa que a obra deveria estar pronta em maio de 2000.

A metalúrgica foi descredenciada da Sudene por fraudar documentos públicos. “O projeto foi cancelado por apresentar notas fiscais e escrituras falsas”, disse Pimentel. Segundo ele, o Ministério Público Federal elabora uma ação judicial para tentar reaver a verba liberada à metalúrgica.

O deputado afirmou que uma das irregularidades envolvia a posse do terreno onde a Metalúrgica 4 de Maio seria construída. Inicialmente de propriedade de Djalma Marques de Abreu, ex-prefeito de Capitão Enéas, a área foi desapropriada pela Prefeitura por R$ 97,4 mil, e cedida à empresa. “Em seguida, foi feita uma escritura falsa no valor de R$ 200 mil em nome da metalúrgica. A CPI apurou no Cartório de Registro de Imóveis que havia uma cláusula que proibia a venda da área”, disse o relator.

A CPI também apurou fraude de recursos para a compra de equipamentos, que não estavam no local da empresa. “Verificamos que não havia nada. Nem mesmo um galpão que pudesse armazenar esse equipamento”, disse. Segundo o deputado, a diretora presidente da Metalúrgica 4 de Maio e sócia proprietária do Grupo Injemar, Angélica Lirola, afirmou à CPI que todos os equipamentos haviam sido enviados à sede do Grupo Injemar, em São Bernardo. No início da semana, a CPI quebrou os sigilos bancário, fiscal e telefônico de Angélica.

A fraude envolvendo a empresa de São Bernardo é apontada no relatório final da CPI do Finor, que será divulgado dia 18, como integrante de um esquema que fraudou R$ 532 milhões dos cofres públicos.




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