No Brasil, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e mais recentemente, Amazonas e Mato Grosso são os Estados mais afetados. Dos quatro tipos de vírus da dengue conhecidos, já foram verificados dois tipos no Brasil, a Tipo 1 e Tipo 2 e, recentemente, em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, foi detectado o de Tipo 3. A circulação simultânea de vários sorotipos potencializa o fator de risco do mal.
Na últma semana, foram verificados dois casos fatais de dengue em Minas Gerais e mais dois em Goiás, além de uma centena de casos confirmados da doença.
"O mosquito da dengue é democrático. Ele se propaga tanto em bairros pobres quanto nos ricos - basta que encontre um recipiente de água limpa. Por isso, se toda a população não participar na busca de focos dentro das residências e quintais, a dengue continuará se alastrando por todo o território nacional", alertou o gerente do Programa de Combate à Dengue, Paulo Vilarinhos, da Funasa, em entrevista à Radiobrás.
Doença tipicamente tropical, a dengue é conhecida há mais de 200 anos. As primeiras ocorrências do mal se referiram à dengue clássica - não hemorrágica. A pessoa afetada por um tipo fica imunizada de forma permanente contra ele, mas não contra outro.
O desaparecimento dos sintomas se dá de forma espontânea e benigna, em muitos casos, a pessoa nem sabe que foi infectada pelo vírus. Diferentemente da Febre Hemorrágica da Dengue (FHD), a forma clássica não é letal.
A etiologia da FHD não está totalmente esclarecida. Existem três teorias que tentam explicar sua ocorrência. A teoria de Halstead relaciona a FHD com infecções seguidas por diferentes tipos da doença, num período de três meses a cinco anos.
De acordo com essa teoria, a resposta imunológica na segunda infecção é exacerbada, resultando numa forma mais grave da doença.
Outra das teorias conhecidas relaciona a FHD à virulência da cepa infectante. A última dessas teorias, defendida por cientistas cubanos, acredita na multicausalidade: vários fatores de riscos aliam a teoria de Halstead à da virulência da cepa. A interação desses fatores acarretaria condições para o aparecimento da forma hemorrágica.
Os sintomas da FHD são semelhantes aos da dengue clássica, porém evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, como sangramentos nasais, vômitos de sangue e hemoconcentrações (manchas vermelhas espalhadas pelo corpo). Há também sangramento nas fezes.
A FHD foi descrita, pela primeira vez, nas Filipinas e na Tailândia, na década de 50. Depois dessa verificação a forma clássica da doença se alastrou pelas Américas, e já na década de 1980, foram verificadas epidemias em vários países: Brasil (82), Bolívia (87), Paraguai (88) Peru (90).
Cuba foi atingida em 1981 por um surto de FHD causada pelo mosquito sorotipo 2, e a Venezuela em 1989, sendo as primeiras ocorrências da dengue hemorrágica fora Sudoeste Asiático e Pacífico Ocidental. No Brasil, em 1990 alguns casos de FHD foram registrados no Rio de Janeiro e outros no Ceará, em 1994.
O vírus da dengue persiste na natureza mediante o ciclo de transmissão homem - mosquito - homem. Após a picada do Aedes, em um homem infectado, o mosquito, depois de um período de incubação de 8 a 12 dias, está apto a transmitir o vírus.
"Não há possibilidade de contágio de uma pessoa doente para outra sadia, nem por meio de fontes de alimento", afirmou Paulo Vilarinhos. O perigo, adverte ele, é que nem todas as pessoas desenvolvem a doença, apesar de infectadas. Mas continuam passíveis de transmiti-la. Dessa forma, a dengue pode se propagar silenciosamente, e "aí que está o perigo", disse Vilarinho.
Ele disse ainda que, a dengue tem se alastrado também por causa da negligência das pessoas em considerá-la como uma forte gripe. De fato, seus sintomas são semelhantes: na forma clássica há ocorrência de febre com dores de cabeça e nas articulações.
"Muitas vezes é confundida com a rubéola, por causa de manchas avermelhadas pelo corpo", afirmou o gerente da Funasa. O exame médico é importante para o diagnóstico preciso, quando então é feita a prova do laço, para a verificar a possibilidade da dengue hemorrágica.
Informações da Agência Brasil.
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