Elas têm uma característica em comum além das águas do oceano Atlântico: são protótipos de paraíso, o paraíso que resiste (sabe-se lá até quando...) ao vírus da badalação. E para fechar o verão com chave dourada a raios solares, não há nada melhor do que desvendar esses recantos da costa brasileira – alguns quase anônimos – que tão bem se afinam aos acordes da sinfonia do sol. Praias de pontos e perfis variados, que vão do surfe ao naturismo, unidas pelo lustro selvagem e pela inscrição do belo.

No Sul, uma representante que deixa os surfistas felizes da vida é Moçambique, em Florianópolis. Banquete de boas ondas e deslumbrantes paisagens aprovado pela tricampeã brasileira Andréa Lopes. “O Canto das Aranhas reúne ótimas condições ao surfe. A formação das ondas é beneficiada pela encosta da pedra, tornando a quebra perfeita para a esquerda”, diz Andréa.

Um dos segredos para a ausência da grande massa de turistas que superlota outras praias durante a alta temporada está na dificuldade de se chegar ao local: Moçambique não possui estrada de acesso pavimentada. Além disso, o mar revolto e de água fria garante a tranqüilidade dos que gostam de se aventurar nas ondas, como o tenista Gustavo Kuerten.

Por fazer parte do Parque Florestal do Rio Vermelho, não há construção alguma em Moçambique, podendo-se acampar nos três campings dos seus quase 13 km. A praia é a mais extensa da ilha. As dunas cortam a linha entre a vegetação rasteira e o oceano, transformando a área em uma reserva florestal densa e rica em pinus (tipo de pinheiro).

Na litoral fluminense, um dos quindins-de-iaiá fica em Ilha Grande: Aventureiro, a três horas de barco de Angra dos Reis. A aventura começa já na ida, com as ondas do mar aberto. Mas eventuais enjôos e sustos são recompensados pela vista que se tem da pequena trilha para chegar à areia da praia. Água azul límpida, mirantes naturais e vegetação quase intocada fazem da região de Aventureiro um sonho sobretudo para quem busca sossego.

Barracas de camping espalham-se pela praia, e bares oferecem comidinha caseira e forró até de madrugada. Uma trilha atrás do camping leva a um pico onde os mais preocupados relaxam: lá o celular funciona. Porém a grande atração é um coqueiro que cresceu envergado no canto da praia.

Mais acima, ainda no litoral fluminense, encontra-se a praia do Farol, na Ilha de Cabo Frio, em Arraial do Cabo. Acessível exclusivamente por barco (não se pode acampar lá), é um éden. O controle feito pela Marinha justifica o status de praia perfeita atestado tecnicamente por biólogos que analisaram 14 itens, como beleza natural, transparência da água, fauna e flora, e concluíram: não há defeitos. Nem precisava dizer...

Também vale fazer o passeio de barco completo pela ilha para conhecer outras pinturas, como a Gruta Azul, e contemplar a recepção simpática dos golfinhos.