Política Titulo Repasse indevido
Vereador vai ao MP para saber sobre delação que cita Orlando

Glauco Braido quer ter acesso ao conteúdo completo de denúncia

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
21/04/2022 | 08:19
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Celso Luiz/DGABC


Vereador de oposição ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), Glauco Braido (PSD) decidiu recorrer ao MP (Ministério Público) de São Bernardo para ter acesso à delação da Ecovias, concessionária que administra o SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes), e de um ex-executivo da empresa. Isso porque o nome do tucano é um dos citados no documento, no qual consta que ele teria recebido R$ 200 mil para a campanha eleitoral de 2014, via caixa 2.

Segundo o parlamentar, o objetivo é conseguir informações detalhadas sobre o acordo de delação, que tem entre os envolvidos o prefeito Orlando Morando, e divulgar os principais pontos da denúncia. O vereador afirma que “não se tem mais informações sobre a delação”, a não ser o que já foi veiculado pela imprensa.

“Venho, através deste ofício, respeitosamente solicitar os préstimos de vossa excelência para que sejam prestadas informações a este edil acerca de acordo de delação firmado entre este D. Parquet (Ministério Público ou algum dos seus integrantes) e a empresa Ecovias e um ex-executivo da empresa, homologada pela Justiça de São Paulo, no bojo de qual há citação do nome do atual prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, conforme notícias dos veículos de mídia”, sustenta o vereador em ofício que foi encaminhado ao MP.

O vereador acredita que o teor da delação, que já foi homologada pela Justiça de São Paulo, deve ser importante e por isso deve ser revelado aos moradores de São Bernardo. “Essa delação tem projeção nacional, então me interessa saber. E como foi homologada, acredito que não seja balela. Como parlamentar é meu papel fiscalizar esse tipo de situação, que é o que está faltando na cidade”, declarou o vereador ao Diário.

Braido entrou com o pedido de informações na segunda-feira, e caberá ao promotor de Justiça fazer o encaminhamento para que os elementos da homologação cheguem ao parlamentar. Não há, entretanto, data limite para que a Procuradoria responda a demanda de Braido.

O prefeito Orlando Morando tem negado que recebeu qualquer valor, e que desconhece a delação.

CASO
O acordo de delação, homologado pelo Conselho Superior do MP (Ministério Público), envolve pagamento de R$ 12 milhões por parte do ex-presidente da Ecovias Marcelino Rafart de Seras, que em depoimento prestado em 2020 aos promotores revelou que 12 grupos empresariais teriam se organizado para dividir concorrência de 12 lotes de rodovias em 1998 e 1999, na gestão do então governador Mário Covas. Segundo o denunciante, a prática teria durado até 2015, passando pelas gestões dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin (hoje no PSB). Além de Orlando Morando, outro político da região também foi citado: o deputado estadual por São Bernardo Luiz Fernando Teixeira (PT), que também nega ter recebido qualquer valor.

O ex-executivo da concessionária também apontou políticos que teriam recebido recursos de caixa 2 para suas campanhas, além de funcionários de diversos escalões do governo que teriam recebido propinas.

Conforme os acordos formalizados com o MP, a empresa também se comprometeu a compensar o governo com pagamento de R$ 638 milhões pelas irregularidades que assumiu ter cometido nas concorrências de que participou, e que envolvem acusação de formação de cartel. 
 




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