É extremamente oportuno o artigo assinado pelo deputado estadual Thiago Auricchio (PL), publicado no sábado neste Diário, concitando os políticos ao diálogo. No momento em que a intolerância parece ter atingido níveis alarmantes para país que se considera democrático como o Brasil, textos exaltando a convivência pacífica entre ideias divergentes são ainda mais necessários. Faz algum tempo que a Assembleia Legislativa de São Paulo tem substituído o debate profícuo por altercações grosseiras e, ainda pior, agressões físicas – e foram esses episódios, certamente, que estimularam a pena de Thiago Auricchio.

A mais recente, e lamentável, contenda entre deputados ocorreu na noite de quarta-feira. Durante importante discussão no plenário, sobre a reforma da Previdência paulista, Teonilio Barba (PT), de São Bernardo, desferiu um soco no colega Arthur Moledo do Val (Patriota), o conhecido polemista Mamãe Falei, cuja audiência em seu canal no Youtube é alimentada basicamente por causa das brigas que o rapaz protagoniza.

Enquanto alguns capitalizam a barbárie, projetos importantes para a população do Estado atrasam. Eis o cerne do artigo de Thiago Auricchio, que, aos 26 anos de idade, demonstra impressionante maturidade política. Não se trata, evidentemente, de tolher o bom debate. Mas é preciso impor limites civilizatórios. Como o de impedir a repetição de ataques discriminatórios, como a infeliz frase machista com que Luiz Fernando (PT), outro parlamentar são-bernardense, pretendeu atacar a colega e conterrânea Carla Morando (PSDB), em agosto passado – e cujo teor este Diário, por princípio, não vai relembrar.

É natural a existência de discordâncias de pontos de vista, ainda mais em um país que comporta 33 partidos políticos, e onde mais de 70 estão na fila para serem oficializados. O debate de alto nível é fundamental. Bem empregado, impede propostas esdrúxulas de seguirem em frente, como também melhora as bem-intencionadas. Vilipendiar este pacto civilizatório, portanto, é flertar com a barbárie. Basta!