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FMI pede que latinos reduzam sua dívida
Da AFP
22/04/2004 | 21:07
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A diretora-gerente interina do FMI (Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, convocou nesta quinta-feira a América Latina a reduzir sua dívida pública e melhorar seu perfil de endividamento e posição fiscal, antes da antecipada alta das taxas de juros mundiais.

"Um dos motivos pelos quais deve-se enfrentar os problemas agora é porque a economia mundial atravessa um bom momento, e isto oferece uma oportunidade para se avançar antes da próxima alta das taxas de juros", explicou Anne em entrevista coletiva, antes da reunião de primavera da instituição e do Banco Mundial, marcada para este fim de semana.

Anne estimou que "muitos países estão fortalecidos", e que por isso a alta das taxas não afetará todos do mesmo modo. "Provavelmente, a alta das taxas de juros mundiais será bastante gradual; haverá tempo para se ajustar", previu.

A chefe do FMI descartou a idéia de que a região enfrente uma crise generalizada da dívida. "Minha preocupação está concentrada em determinados países e em sua habilidade de manter um equilíbrio fiscal, para que possam atacar de modo mais preciso os problemas sociais, de infra-estrutura e outros, que todos concordamos serem prioritários a longo prazo", explicou.

Krueger indicou que existe um "progresso" nas negociações com os países latino-americanos que demandam uma maior flexibilidade orçamentária para aumentar os investimentos em infra-estrutura.

No caso da Argentina, a reestruturação da dívida pública e o aumento do superávit fiscal primário (sem contar os juros da dívida), atualmente em 3% do PIB, são essenciais para que o país mantenha o crescimento e possa reduzir a pobreza, concluiu.

O presidente do Banco Mundial (BM), James Wolfensohn, comparou a Argentina a um indivíduo irresponsável. "Ninguém quer deixar de ter programas sociais. Como acontece com uma pessoa, seria muito melhor poder gastar dinheiro com coisas que a gente quer e ignorar as obrigações", disse, ao ser perguntado se a Argentina deve aumentar o superávit fiscal primário para pagar a dívida.

"Chega um momento em que a gente não pode continuar sem pagar os cartões de crédito, o banco, a hipoteca, e dizer simplesmente: 'Bom, o que eu quero realmente é educar meus filhos'", comentou.

A Argentina negocia a reestruturação de sua dívida pública com credores privados, em moratória desde dezembro de 2001.

Social - Anne Krueger disse que o Brasil deve utilizar sua elevada arrecadação tributária - uma das maiores da América Latina - para investimento social. Durante a entrevista, a diretora do fundo afirmou ainda que o pagamento da dívida não compromete os programas de combate à pobreza em países subdesenvolvidos.




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