Não é nenhuma novidade o envolvimento do empresário Otávio Gottardi Filho em negócios públicos com evidências robustas de prática de sobrepreço em produtos alimentícios. O caso registrado em São Caetano com o prefeito interino Tite Campanella (Cidadania), revelado com exclusividade pelo <CF52>Diário</CF> em sua edição de domingo, abrange a companhia Tegeda Comercialização e Distribuição Ltda, mas uma outra firma de Gottardi Filho, a Cathita, é velha conhecida dos órgãos de fiscalização no Estado de São Paulo. Ao que tudo indica, ele diversificou os negócios, mas mantém o <CF51>modus operandi</CF>. Eis aí um bom ponto de partida para as investigações que devem ser feitas pela Câmara.

A Cathita já esteve envolvida em muitas polêmicas relacionadas ao fornecimento de gêneros alimentícios. Em 2002, a empresa foi investigada por participar de licitação dirigida em Ribeirão Preto, no Interior, em escândalo que a opinião pública batizou de Guerra do Molho de Tomate. Em 2015, o Tribunal de Contas do Estado recomendou o rompimento de acordo de R$ 3,96 milhões da firma com a Prefeitura de São Caetano. Na época, administração de Paulo Pinheiro (DEM), os conselheiros questionaram a contratação sem concorrência para a entrega de merenda. Em 2016, a companhia foi alvo da Câmara de Mauá por cobrar 155% a mais pelo quilo do feijão vendido ao Paço.

Tal histórico deve motivar os vereadores de São Caetano, que na sessão de ontem cobraram explicações do governo interino sobre o conteúdo da reportagem do jornal, a chamar o empresário Otávio Gottardi Filho para prestar esclarecimentos. Ele certamente poderá contribuir decisivamente para que se entenda por que o Paço paga à Tegeda 40% a mais no preço do saco de cinco quilos de arroz branco do que o valor praticado em supermercado da própria cidade – especialista diz que, em tese, deveria ocorrer o inverso, já que a Prefeitura adquire em larga escala. Há muitas perguntas sem respostas no ar e é salutar que haja disposição para apuração dos fatos. A sociedade está de olho.