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Arte, um passo além
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
08/08/2010 | 07:11
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O diretor teatral Roberto Morettho, 38 anos, de São Caetano, recebeu há pouco tempo excelente notícia: foi um dos contemplados pelos editais de fomento da Funarte (Fundação Nacional de Artes) e ganhou bolsa de residência artística para permanecer seis meses acompanhando os processos de duas trupes nos Estados Unidos a partir de fevereiro.

Mas a verdade é que nem deu tempo de pensar em pesados casacos de frio e sonhar um pouco com esse período fora - o mês em que ele embarca é o ápice do inverno no Hemisfério Norte. O resultado da Funarte se acumulou à outra conquista: o grupo paulistano O Grito, do qual é diretor, foi contemplado pelo Proac - ICMS (Programa de Ação Cultural - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), da Secretaria de Estado da Cultura, com o espetáculo jovem Tirando um Som na Garagem, no qual devem trabalhar antes da viagem de Morettho. "Está uma correria enorme, porque vamos criar o espetáculo em sala de ensaio nos meses antes de eu ir para os Estados Unidos", conta o diretor. Por conta do incentivo, o grupo procura hoje sede na região do Ipiranga - a primeira deles.

TEATRO DE ANIMAÇÃO

O foco da viagem de Morettho é o teatro de animação, representado por máscaras, bonecos e objetos, tema que começou a pesquisar em 2000, durante a graduação em Artes Cênicas na ECA-USP (Escola de Comunicação e Artes), onde também fez mestrado. "São elementos que ainda utilizo no meu trabalho como diretor e que vou aprofundar agora. A ideia é voltar dessa residência com um roteiro a ser desenvolvido com O Grito", conta, animado. "Só vou conseguir por conta do suporte do grupo. Eles ficaram supercontentes", destaca.

A base da temporada norte-americana é a companhia Sandglass Theater, localizada em Vermont, no nordeste dos Estados Unidos. "Eles utilizam justamente máscaras, bonecos e objetos trabalhando com atores", conta Morettho. Agora, ele corre contra o relógio para conseguir arrumar a documentação para participar do festival que a companhia realiza em setembro. "Pretendo ficar lá por cerca de 20 dias para me aclimatar e conhecê-los". No projeto proposto à Funarte, o diretor também colocou o acompanhamento da Siti Company, dirigida por Anne Bogart e localizada em Nova York, a cerca de 12 horas de Sandglass.

Os projetos todos são equilibrados ainda com aulas que Morettho ministra, como as na Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística) de Santo André (leia mais na reportagem abaixo). "Ainda nem parei para pensar no frio de lá. Dizem que faz -20ºC", diz, assustado.

Mês cheio de compromissos

Meses antes de embarcar para os Estados Unidos, Roberto Morettho tem um mês de agosto especialmente agitado. Compromissos tanto para o grupo de teatro O Grito quanto para os alunos adultos do curso de teatro da Emia (Escola Municipal de Iniciação Artística) Aron Feldman, que formam o Babo...seiras.

O grupo de Santo André se apresenta hoje, às 20h, no Teatro Conchita de Moraes (Praça Rui Barbosa, Santa Terezinha) com o espetáculo Ensaio sobre a Loucura. Depois, parte para apresentações em São Paulo até o fim do mês, incluindo os CEUs (Centros Educacionais Unificados) de Sapopemba e São João Clímaco, além do Teatro João Caetano. O texto, desenvolvido pelos próprios integrantes, parte do livro Elogio da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, e de passagens de obras de Nelson Rodrigues e William Shakespeare. As sessões têm sempre entrada franca.

O professor começou a trabalhar com o grupo, que existe desde 2005 e é composto por 13 pessoas, no fim do ano passado, quando assinou contrato com a Prefeitura. "O grupo já tem certa maturidade e a ideia é dar-lhe autonomia para seguir independentemente", afirma ele, que antes de assumir as aulas chegou a estagiar na Emia em 2001, além de participar da ELT (Escola Livre de Teatro), dirigindo um espetáculo.

"Resolvi trabalhar no Grande ABC porque a minha formação estava mais centrada em São Paulo. Decidi que precisava conhecer mais o pessoal", afirma ele, que fica na Emia pelo menos até novembro, quando vence seu contrato.

INFANTIL - A companhia O Grito também tem estreia no sábado (dia 14). Trata-se de 1001 Fantasmas, espetáculo com dramaturgia de Morettho e do ator Alessandro Hernandez, que fica no Teatro Alfa (Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722. Tel.: 5693-4000) em São Paulo, até 3 de outubro. O texto é baseado no livro homônimo de Heloísa Prieto. "É a segunda peça em que faço a dramaturgia. Como criamos o texto em sala de ensaio e nem sempre os autores podem participar desse processo, tornou-se cada vez mais necessário que eu trabalhasse nisso", afirma.




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