Economia Titulo Crise
Venda de carro zero amplia queda
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
02/10/2015 | 07:03
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As vendas de veículos zero-quilômetro já acumulam queda de 22,7% no ano até setembro na comparação com igual período de 2014. Nos primeiros nove meses de 2015, o setor comercializou 1,954 milhão de unidades de automóveis, picapes, caminhões e ônibus, ante 2,526 milhões nos mesmos nove meses do ano passado, de acordo com números divulgados ontem pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

O fraco resultado das vendas reflete o cenário de economia parada e as incertezas geradas pela crise política, na avaliação do diretor de relações com o mercado da Fenabrave, Valdner Papa, que também é consultor e professor de Gestão Automotiva da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). “Isso afeta o consumidor, que só compra se realmente precisa muito, se for o primeiro carro, tiver contrato de troca periódica ou se seu veículo atual estiver muito deteriorado”, diz.

“Falta confiança dos consumidores, principalmente na nossa região, com tanto desemprego e ameaças de cortes, como na GM (a General Motors estaria querendo demitir 650 operários da fábrica de São Caetano), lay-offs e PPE (Programa de Proteção ao Emprego) na Volkswagen, na Mercedes e na Ford”, afirma o presidente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores do Estado de São Paulo), Octavio Vallejo.

Os números do setor vêm piorando. Depois de registrarem retração de 8,9% em agosto, as vendas de veículos zero-quilômetro voltaram a cair. Em setembro, foram emplacadas no País 200.095 unidades, 3,46% menos que no mês anterior.

Papa destacou que o que preocupa mais é o desempenho das vendas no ano até agora, frente ao mesmo período de 2014. Para o consultor, o segmento já chegou próximo do fundo do poço e pequenas flutuações para cima ou para baixo não são tão representativas. “O mercado atualmente é como nossa represa (a Cantareira), que está no volume morto”, compara.

Porém, o resultado acumulado está próximo das projeções já anunciadas pela Fenabrave, segundo o presidente da entidade, Alarico Assumpção Júnior. Para veículos leves (autos e picapes), é esperada retração de 22,9%.

Por sua vez, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) está para revisar, de novo, suas estimativas. A associação prevê, por enquanto, redução de 20,6% na comercialização do setor em 2015.

Assumpção Júnior espera leve recuperação até o fim do ano, por causa de lançamentos de algumas fabricantes. Promoções das montadoras, com a chegada do 13º salário nos próximos meses, podem dar algum estímulo, mas será difícil reverter esse quadro negativo, avalia Papa. Para Vallejo, a gratificação natalina vai para o pagamento de dívidas e para a compra de “presentinhos” de Natal, e não pesa na decisão da compra do carro.

CAMINHÕES - Se a situação é difícil de forma geral no mercado automotivo, a área de caminhões vai ainda pior, apesar da ligeira melhora (alta de 1,9% nas vendas) em setembro. Nos primeiros nove meses, o segmento registra retração de 43,7%.

Foram comercializados só 55.692 veículos desse tipo, ante 99.002 no mesmo período de 2014. “Não tem frete, não tem o que transportar”, afirma o presidente do Sincodiv-SP. 




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