Economia Titulo Análise
Crédito muda pouco
com queda de juros

Com a mínima redução da Selic, simulação mostra economia
de R$ 459 para quem financiar carro no prazo de cinco anos

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
23/01/2012 | 07:14
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Ao reduzir a taxa básica de juros, a Selic, de 11% ao ano para 10,5%, o Banco Central pretende aquecer a economia. As instituições financeiras pagam menos juros na hora de tomar dinheiro emprestado e, na teoria, repassam a queda aos clientes, que pagam menos pelos empréstimos. Mas, na prática, a mudança reflete bem pouco no bolso do brasileiro.

O presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, simulou cálculo para mostrar os efeitos nas finanças da pessoa física. Um exemplo é a aquisição de crédito para financiar automóveis.

Com a antiga Selic, quem contratasse o Crédito Direto ao Consumidor para comprar um carro no valor de R$ 25 mil, financiado em 60 meses, pagaria R$ 45.052,90 ao fim do período. Com a redução da Selic, o valor cai para R$ 44.626,98, diferença de R$ 425,92.

Para ter acesso a empréstimo pessoal no valor de R$ 500, o consumidor pagaria 12 parcelas de R$ 68,63 ou R$ 823,61. Se o crédito fosse adquirido hoje, a prestação seria reduzida para R$ 68.49 e o valor pago cairia para R$ 821,93, o que significa economia de R$ 1,67.

Mas ainda há mudanças previstas para acontecer até o fim do ano e, quem tiver paciência, encontrará reduções mais interessantes. "Depois da surpresa de agosto, quando a taxa Selic sofreu a primeira queda do ano (em um momento que o mercado não esperava), o BC passou a enfatizar quais são seus seus próximos passos. Até o fim de 2012 serão mais duas quedas", comenta o professor de Análise de Investimento da Fundação Instituto de Administração Bolívar Godinho. Ele acredita, portanto, que os juros cheguem a 9,5% em dezembro.

INVESTIMENTOS - As aplicações menos conservadoras, ou que não se espelham na taxa básica de juros para gerar resultados, terão de fazer parte da estratégia de quem quer manter os mesmos ganhos auferidos com a renda fixa. Isso porque os juros da economia estão perdendo atratividade em função das últimas quatro quedas.

A planejadora financeira pessoal Cristiana Dias Baptista lembra que quem tem os recursos em fundos DI e renda fixa arca com custos de gestão, que em algumas instituições financeiras pode chegar a 5% ao ano, além do Imposto de Renda ( tributo que varia entre 22,5% a 15%, de acordo com o prazo da aplicação). "O investidor deve começar a olhar para outros produtos como a poupança e fundos imobiliários, que não têm tributação mensal e não estão atrelados a taxa básica de juros", comenta.

O QUE NÃO MUDA - De acordo com o professor Bolívar, o que por enquanto não mudou por aqui são os recursos externos que chegam ao Brasil. Isso porque, apesar das quedas, o juro do País ainda são um dos mais altos do mundo. Isso significa que a oferta de dólares aumenta e os preços caem.

O resultado é a valorização do real, que culmina no aumento da importação, já que comprar lá fora está mais barato. "Com isso, as indústrias brasileiras perdem competitividade", comenta o professor. Além disso, o volume alto de reservas brasileiras representa risco baixo de calote, até porque o País tem dinheiro para pagar.




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