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Frente fria pode aumentar danos causados pelo vazamento
Do Diário do Grande ABC
20/01/2000 | 08:14
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A frente fria pode aumentar ainda mais os danos ambientais causados pelo vazamento de quase 1 milhao de litros de óleo na Baía de Guanabara. A tendência da chuva e do vento Sudoeste é espalhar ainda mais a mancha de óleo que, nesta quarta-feira ocupava cerca de 40 quilômetros quadrados, ou 10% do espelho d'água da Baía, e fazer com que o trabalho de limpeza do mar e das praias dure até um ano. O maior temor das autoridades e da Petrobras é que a mancha de óleo chegue ao Manguezal de Guapimirim, uma área de proteçao ambiental.

Se isso acontecer, a própria Petrobras, admite que a recuperaçao da baía poderá demorar três anos. ``Se o manguezal nao for atingido, demoramos cerca de um mês para limpar a baía. Se a mancha chegar lá, este trabalho demora um ano e mais dois para o manguezal se recuperar', disse o superintendente de Logística e Transportes da Petrobras, Carlos Alberto Martins de Souza. O presidente da Feema, Axel Grael, nao tinha esperanças: ``Neste momento (a tarde de quarta), ela já deve ter chegado lá.'

Contas - Os números da Petrobras sobre o acidente no oleoduto nao coincidem com os dados pela secretaria. Segundo Carlos Alberto, vazaram 500 mil litros de óleo. Mesmo assim, ele é o segundo maior causado pela empresa no estado. O primeiro foi em 1975, com o vazamento de seis mil litros de óleo do navio Tarik, fretado pela Petrobras.

Pelos danos, a Feema e o Instituto Estadual de Florestas aplicaram duas multas que somam R$ 94 milhoes. O secretário de Meio Ambiente, André Corrêa, admitiu que o valor é irrisório perto dos danos, mas ressaltou que fez o que a lei permite. Já o Ministério Público Estadual instaurou hoje um inquérito que poderá gerar uma açao pública para que a Petrobras indenize a populaçao pelos danos ambientais e morais causados.

Licença - O volume de óleo vazado nao é a única controversa entre a Petrobrás e a Secretaria de Meio Ambiente. A principal delas diz respeito à licença de operaçao que deve ser concedida pela Feema às empresas com potencial poluidor. Segundo Axel Grael, a Reduc funciona sem a licença, desde 1977. ``A Reduc está funcionando ilegalmente', acusou Grael.

A informaçao foi confirmada pelo secretário de Meio Ambiente que anunciou que exigirá que a Petrobras apresente em 120 dias uma auditoria externa sobre os níveis de segurança ambiental da Reduc. Além disso, a Feema negociava com a Petrobras a assinatura de um termo de compromisso em 5 de fevereiro que previa, além da auditoria, investimentos da ordem de R$ 2,1 milhoes por três anos para que a empresa reparasse os danos ambientais causados pela refinaria desde 1961, data de sua fundaçao. ``Com o acidente, os valores serao revistos', disse André Corrêa.

A auditoria foi confirmada pelo superintendente da empresa, que, no entanto, negou que a Reduc opere ilegalmente e informou que há uma controversa jurídica sobre a necessidade de equipamentos antigos da unidade adequarem-se às especificaçoes de segurança ambiental, já que a legislaçao é posterior à fundaçao da Reduc.

Mesmo ainda sem o laudo sobre o acidente, provavelmente o vazamento nao foi percebido imediatamente. ``Ele pode ter durado quase 30 minutos', disse Carlos Alberto. A empresa, segundo ele, desligou o bombeamento assim que comprovou a perda de óleo, cinco ou 10 minutos após o alerta. As causas do rompimento do duto - que apresenta rachadura de quatro centímetros de espessura e 63,8 centímetros de extensao - só serao esclarecidas sexta-feira. O superintende acredita que o tubo, de 10 anos, tenha encontrado um obstáculo no fundo do mar e se rompido.




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