A pesquisa, que foi financiada pelo Ministério da Justiça e pela Organizaçao das Naçoes Unidas para Educaçao, a Ciência e a Cultura (Unesco), recebeu o prêmio do Fundo das Naçoes Unidas para a Infância (Unicef). Ela vai ser um instrumento para o trabalho de agentes federais e estaduais no combate à violência.
Depois de fazer 91 entrevistas com jovens, entre os quais 60 infratores e 31 irmaos nao-infratores, a coordenadora do estudo, a pesquisadora Simone Gonçalves de Assis passou a estabelecer uma radiografia desse universo. "Queria saber por que alguns optam por uma vida infracional e outros, seus irmaos, têm condiçoes de resistir", declarou Simone.
Segundo ela, esse paralelo foi importante para detectar que o jovem, que vive num meio violento, seja numa favela ou num bairro de classe média, pode ter elementos para evitar o crime.
Ao longo da análise, que vai fazer parte de um livro a ser publicado em maio pela Fiocruz, Simone revela que o modelo familiar de cada um dos envolvidos no trabalho é um dos fatores determinante para a deliqüência. "Um menino infrator considera a violência na família algo natural e a incorpora para sua vida."
"Enquanto, o irmao nao-infrator luta contra àquela situaçao e tenta buscar uma referência positiva para sua vida, que pode ser um professor, um amigo, um parente ou mesmo um agente de educaçao e de saúde". afirma.
Os grupos de amizades do jovem que cometeu crimes e de seu irmao sao também "radicalmente distintos", segundo Simone. "Os meninos infratores têm uma opçao de amizade ligada ao crime ao consumo de drogas, enquanto seus irmaos nao-infratores recusam-se a ter uma aproximaçao com esse ambiente."
Conforme Simone, o nível de escolaridade ainda cumpre um papel importante na definiçao individual do dia-a-dia dessas crianças e jovens. "O nao-infrator tem um maior nível de escolaridade e tem mais condiçoes de lutar para nao assumir uma postura de vida como a de seu irmao."
As opçoes de lazer e os aspectos psicológicos revelam ainda as diferenças entre os dois focos da publicaçao. "O menino infrator privilegia o baile funk, nao só para se alegrar, mas também para participar de atos violentos. Já o irmao nao-infrator prefere pagode e tenta evitar o baile funk, justamente pela violência."
Segundo ela, quanto ao lado psicológico, aquele que cometeu crimes tem uma postura mais agressiva no dia-a-dia. O limite entre aquele menino infrator e seu irmao é muito tênue. "Daí a necessidade de interferência do estado, com seus agentes de educaçao e de saúde".
"O jovem que cometeu um crime, por essa razao, nao pode ser condiderado um caso perdido e deve ter ajuda do estado", defende.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.