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São Caetano ensaia o Museu do Trabalho e do Trabalhador

O Grande ABC, por meio de seus pesquisadores da memória, defende há anos a criação do Museu do Trabalho e do Trabalhador

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
29/03/2010 | 00:00
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O Grande ABC, por meio de seus pesquisadores da memória, defende há anos a criação do Museu do Trabalho e do Trabalhador, que representaria um ponto básico da história local. E o museu não sai.

O museu estava no programa do prefeito João Avamileno, em Santo André; não saiu do papel. Agora é discutido em São Bernardo, para ocupar os baixos das arquibancadas do Estádio Primeiro de Maio, que projetou o líder sindical Lula. Sairá? Espera-se que sim. Seria a versão operária em São Bernardo do Museu do Futebol inaugurado, com muito sucesso, sob as arquibancadas do Pacaembu.

Por enquanto, temos uma bela exposição no Museu Municipal de São Caetano - pena que temporária. Mas, por que não sonhar: não seria essa exposição o ponto de partida para que o Grande ABC avance em direção a uma velha aspiração da memória?

As ferramentas dos nossos avós
Texto: Paula Fiorotti, jornalista da Prefeitura de São Caetano

Até o dia 15 de abril, a Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura de São Caetano e a Fundação Pró-Memória promovem, no Museu Histórico Municipal (Rua Maximiliano Lorenzini, 122, bairro Fundação), uma mostra de ferramentas e instrumentos que integraram o cotidiano doméstico e de trabalho de antigos moradores da cidade. A entrada é gratuita.

A exposição reúne objetos do final do século 19, entre os quais, um endireitador de lâmina, de 1877, um quebra-nozes, do ano de 1890, um alicate de corte de pressão automática, de 1891, e uma máquina de cortar cabelo, do ano de 1899.

A peça mais antiga da exposição é um gancho utilizado na retirada de água dos poços, de 1876. Instrumentos utilizados por dentistas, carpinteiros, marceneiros, barbeiros e sapateiros, ao longo da primeira metade do século passado, também integram a mostra.

O Museu Histórico Municipal funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 15h. Mais informações pelo telefone 4229-1988.

EM 29 DE MARÇO DE...

1970 - Pela Copa João Ramalho, no Estádio Municipal de Santo André, hoje Bruno Daniel: São Bernardo 2, Ribeirão Pires 0, gols de Caiuba e Dimas; São Caetano 3, Mauá 0, gols de Sabão, Sabiá e Galvão.

MUNICÍPIO PAULISTA

Pirajuí. Torna-se município em 1914, quando se separa de Bauru.

CAPITAIS BRASILEIRAS

Salvador, fundada em 1549; Curitiba, fundada em 1693.

TRABALHADORES

Nascem em 29 de março:

1902 - Ida Pasqualetti. Natural de São Paulo, Capital. Operária da Usina Colombina. Residência: Rua Ingá, 66, São Caetano.

1912 - Alcebíades Pereira. Operário da Rhodia Química. Residência: Rua Colômbia, 34, Parque das Nações.

1914 - Pedro de Araújo. Natural de Mogi Guaçu (SP). Mestre da Cibra Brasileira. Residência: Rua Sidney, 214, Utinga.

1918 - Pedro Navarro Filho. Natural de Piracicaba. Torneiro-mecânico da CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos). Residência: Rua Conselheiro Lafaiete, 775.

Fonte: 1º livro geral de registro dos associados do Sindicato dos Químicos do ABC.

SÁBADO, 29 DE MARÇO DE 1980

Manchete - Carro a álcool terá preço igual à gasolina e ambos sobem 12%

Campanha salarial - Grupo 14 fixa índice de 5% e piso de Cr$ 24,66; mesa-redonda na DRT pode definir.

Política - PDS já nasce vitorioso, diz Marin (José Maria Marin, vice-governador do Estado) em Santo André.

São Caetano - Corridas de carros e apostas na Avenida Goiás.

Abastecimento - Donas-de-casa de Vila Vivaldi, em São Bernardo, boicotam feira livre; feirantes dão o troco e fazem locaute.

São Bernardo - Escritor Aluísio e Azevedo denomina escola municipal no Jardim Calux.

Editorial - Legislativo andreense desserve ao povo.

Polícia - Quadrilha assalta e mata as vítimas.

SANTOS DO DIA

Eustásio, Jonas (monge, na estampa) e Secundo.

Crédito da estampa: acervo Vangelista Bazani (Gili) e João de Deus Martinez.

FALECIMENTOS

Ele viveu por inteiro, e intensamente, os anos de ouro da sua São Bernardo, com algumas passagens memoráveis. Da primeira vez, com 5 para 6 anos, Jovani de Lima viveu na pensão que a avó materna, verdadeira mãe de criação, Josefa do Nascimento Lima, manteve no alto da Serra do Mar, por ocasião da construção da Via Anchieta. Uma das tarefas do pequeno Jovani era distribuir marmitas aos trabalhadores.

Houve o tempo em que viveu em Marilia, mas desde os 15 anos fixou-se em São Bernardo. Para recuperar os anos perdidos de estudo, fez um curso intensivo de alfabetização e galgou posições que o levaram à Escola Técnica de Comércio Cacique Tibiriçá e, mais tarde, à Faculdade de Direito de São Bernardo, formando-se em 1969 - uma das primeiras turmas.

Nesse meio tempo, foi líder estudantil em 1960. Conheceu Prestes pessoalmente. Foi bancário no extinto Banco Noroeste, chefiou os departamentos de pessoal da Dulcora e do Odeon. E em 1975 abriu escritório de advocacia - outra de suas paixões -, escritório hoje tocado pela sua filha, advogada como ele, Patrícia Siola de Lima.

Outra paixão, o futebol. "Batia um bolão", conta o sobrinho Lauro Fiorotti. Jovani de Lima jogou em várias equipes, tornou-se dirigente de clubes, foi vice-presidente e presidente do EC DER entre 1982 e 1997. Foi juiz-presidente da Justiça Desportiva da Liga de Futebol de São Bernardo de 1980 a 2010. Lecionou Direito no Colégio Coterra. Foi tesoureiro da Asba (Associação São-Bernardense de Belas Artes). Foi tesoureiro e conselheiro da OAB na área de Esportes - foi ele que, em 1982, iniciou os campeonatos de futebol da Ordem.

Fez política partidária e por pouco, em duas ocasiões, não se elegeu vereador. Os amigos contam que estava sempre de bem com a vida. O bom-humor não o abandonava.

Casado com Adélia Siola, teve dois filhos: além de Patrícia, Edmur de Lima. Mesmo adoentado, jogou futebol até dois ou três anos atrás, defendendo as cores do Alameda Glória e do time de veteranos da OAB. Partiu aos 70 anos e está sepultado no Cemitério de Vila Euclides. Semana passada foi homenageado na Câmara Municipal, por iniciativa do vereador e advogado como ele, Gilberto França. Outras homenagens virão, como as da Liga de Futebol de São Bernardo.




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