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Por bandeira da Educação, Chalita mira Senado
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
29/03/2010 | 07:05
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Celso Luiz/DGABC


Ex-secretário estadual de Educação e vereador mais votado de São Paulo em 2008, com 102.048 votos pelo PSDB, o professor Gabriel Chalita almeja voos mais altos e ambiciosos na carreira política. Em entrevista exclusiva ao Diário, o pré-candidato ao Senado pelo PSB fala do desafio que espera superar ao disputar sua primeira eleição majoritária, além do passado tucano e as previsões de crescimento de seu atual partido no Grande ABC.
"A novidade na política em São Paulo sou eu", diz Chalita, ao comparar sua pré-candidatura à de figuras carimbadas no Estado, como Marta Suplicy (PT), Romeu Tuma (PTB), Orestes Quércia (PMDB) e Aloysio Nunes (PSDB).

Ao comentar sua saída do PSDB, no ano passado, Chalita faz ataques veementes ao governador José Serra, a quem chama de "político frio e deficiente" e com uma falha fundamental: "a falta de respeito ao ser humano."

DIÁRIO - Qual a expectativa para a eleição ao Senado?
GABRIEL CHALITA - Estou conversando muito com a vereança do PSB e noto que este é um desejo não só meu, mas de todo o partido. É um momento fantástico de refletir candidatura diferente, em que sinto o anseio da população por renovação. Estou muito empolgado.

DIÁRIO - Encara esta candidatura como um desafio?
CHALITA - Em eleição majoritária é preciso percorrer o Estado inteiro, mas cada coisa tem o seu tempo. No momento que for fazer campanha, depois da convenção, vou discutir temas fundamentais para o Estado e o País. Vejo uma campanha complexa, mas prazerosa. É muito agradável estar perto da população, ouvir ideias e o povo querendo ajudar e opinar. É um momento muito bonito do processo eleitoral.

DIÁRIO - O sr. teme a concorrência ao cargo? São ao menos outros quatro fortes pré-candidatos para duas vagas - o secretário estadual da Casa Civil, Aloysio Nunes (PSDB), o senador Romeu Tuma (PTB), o ex-governador Orestes Quércia (PMDB) e a ex-prefeita da Capital Marta Suplicy (PT).
CHALITA - A concorrência é saudável. Destes a novidade na política em São Paulo sou eu. O Tuma é senador há bom tempo e o Quércia tem discurso voltado à época em que foi governador. Quero fazer campanha mais jovem e entusiasmada, envolvendo pessoas que estão distantes da política pela descrença. Vejo educadores e universitários que não gostariam de votar pela falta de opções e identificação com os candidatos, e passam a achar na minha possível candidatura um sonho que deixou de ser sonhado por uma série de razões. Venho empunhando a bandeira da Educação. E é fundamental ter tema. Não tem sentido um candidato levantar bandeira simplesmente para agradar o eleitor.

DIÁRIO - No ano passado o sr. foi convidado pelo PV para disputar o Senado. Por que recusou?
CHALITA - Tenho muito respeito pela causa ambiental e o PV tem pessoas interessantes como a Marina Silva (pré-candidata à Presidência). Mas quando analisei a conjuntura política achei que tinha mais a ver com o PSB. As pessoas que estão no partido, como o Eduardo Campos (governador de Pernambuco), a Luiza Erundina e o Márcio França (deputados federais), são maravilhosas. O PSB tem como ideal o socialismo democrático. E por isso fiz esta opção, embora tenha amigos no PV.

DIÁRIO - Qual o motivo da saída do PSDB? O sr. perdeu espaço no partido?
CHALITA - Para você ver. A Educação em São Paulo está em greve há três semanas. Quando fui secretário não peguei nenhuma greve em cinco anos. A forma com que este governo vem tratando a Educação não é forma muito digna e de respeito aos professores. Eu entrei na política para dar contribuição às causas em que acredito e a educação é a maior delas. Aí comecei a ver os projetos que implantei no Estado se acabarem, como o Escola da Família e a Escola de Período Integral. Então me perguntei: o que vou ficar fazendo aqui? Se o que entendo na vida está ligado à educação e meu partido não respeita o olhar que tenho pela educação, ou saio da política ou vou para partido cuja causa tenha importância. Por isso fui para o PSB.

DIÁRIO - Qual o sentimento do sr. com relação ao governador José Serra?
CHALITA - Não tenho admiração pela forma com que o Serra faz política. Sou pessoa voltada à emoção. Trabalho com relações humanas construídas pelo sentimento, diálogo, respeito e sensibilidade. É isso que me fascina no ser humano: a capacidade de debater e discutir. E esta não é a forma com que Serra está acostumado a fazer política. Ele tem frieza muito grande na atuação política que faz com que eu não o admire. Tenho de ser autêntico e sincero com a população. Não vou apoiar alguém para ser presidente que tem deficiências e uma falha fundamental, que é falta de respeito ao ser humano. Vemos o descaso com que ele trata os professores na greve, em um momento em que ele poderia dialogar. Mas não! Quer fingir que os professores não existem.

DIÁRIO - Como está o clima no partido em relação à candidatura de Paulo Skaf ao governo? Há a possibilidade de apoio a outro candidato?
CHALITA - É um pré-candidato forte, com história de sucesso e muito respeito da classe empresarial. Agrega muito e é um nome viável. Mas o PSB conversa com outros partidos e existe proximidade grande com PDT, PT, PC do B e PR. Pode sair com Paulo Skaf ou pode construir ampla coligação que era a proposta quando o Ciro Gomes era o nome.

DIÁRIO - O ex-governador Geraldo Alckmin é tido como o seu padrinho político. Como fica a sua situação se ele for candidato e Paulo Skaf também?
CHALITA - Alckmin é meu amigo e continuará sendo. Em uma relação política você acaba tendo lados. Se o candidato for o Skaf vou ficar ao lado dele, sem deixar de respeitar e valorizar o Alckmin, que é um político que merece aplauso. Esse reconhecimento torna o nível do debate mais elevado, com pessoas discutindo ideias, e não trapaceando, querendo destruir as outras pessoas, enfeiando a política. Tenho certeza de que não vou deixar de ser amigo do Alckmin mesmo não apoiando ele em São Paulo.

DIÁRIO - Ciro Gomes será candidato à Presidência? Não cogita reeleição na Câmara?
CHALITA - Ele pode concorrer à Presidência ou o partido pode fazer aliança nacional e apoiar outro candidato. Ciro tem qualidades extraordinárias: foi um grande governador (Ceará), grande ministro, grande prefeito, mas é imprevisível. Não dá para imaginar o que possa decidir sobre a trajetória política dele. Quanto à Câmara Federal, ele transferiu o título para São Paulo e dificilmente lançaria candidatura por aqui.

DIÁRIO - Como o sr. avalia o PSB no Grande ABC. Atualmente há 16 vereadores e apenas uma vice-prefeitura, a de Diadema. Há planos para crescer a legenda na região?
CHALITA - Temos ótimos vereadores e candidatos importantes. O Marcelinho Carioca possui tendência de ter votação extraordinária, já que além da área esportiva vem com tema sobre a infância, de cuidar da criança que é bandeira fascinante na campanha. Já é muito conhecido e tendo essa causa passa a ter viabilidade eleitoral muito grande. E o Romualdo (Magro Júnior, vice-presidente da Gestão Empresarial do Santo André) também. Tem imagem limpa, de empresário ligado ao esporte, além do Dr. José Ricardo (vereador de Santo André), entre outros. A linha do PSB é construir discurso que ajude as pessoas a olharem para os mesmos horizontes, a debater e construir, que foi o que aprendi no PSDB, com Franco Montoro e Mário Covas.

DIÁRIO - A saída do ex-prefeito de São Bernardo William Dib do PSB enfraqueceu a sigla aqui?
CHALITA - O Dib é um grande nome, com história política que merece respeito. Mas temos quadros excelentes na região. Não perdemos nada com ele, embora respeite a opção da ida ao PSDB.

DIÁRIO - Em Diadema o partido saiu da oposição ao governo Mário Reali e passou à sustentação. Como o sr. avalia esta mudança de postura em relação ao PT?
CHALITA - No momento eleitoral está cada um no seu lado desenvolvendo sua ligação partidária. Depois muda. Não sou vereador do PSB. Sou vereador da cidade de São Paulo. Opção de situação e oposição é local. Cada diretório decide isso. Mas quando se está na Câmara o vereador quer que a cidade se desenvolva. A oposição responsável faz a cidade se desenvolver e a situação responsável também. Por isso acho que não muda grande coisa, mas tem a postura da governabilidade. Deputados do PSB na Assembleia aprovam a maior parte dos projetos do Serra. E eu não estou do lado do Serra, de jeito nenhum. Mas lá votam pela governabilidade, pelo sentido que tem essa cooperação do Legislativo ao Executivo.




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