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Volks ameaça e greve se acentua

Trabalhadores apoiaram por unanimidade ato para fechar a Via Anchieta na segunda-feira

Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
09/01/2015 | 07:26
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Andréa Iseki/DGABC


Em meio à assembleia com os trabalhadores grevistas da Volkswagen em São Bernardo na tarde de ontem, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, anunciou que a empresa oficializaria na Justiça, no mesmo dia, um interdito proibitório, a partir do qual impede a aproximação da mobilização sindical contra a demissão de 800 profissionais às dependências da montadora. Como resposta, a entidade convocou os operários a participar de grande ato para bloquear a Via Anchieta na segunda-feira.

“Ainda não fomos notificados pelo oficial de Justiça, então, não sabemos o teor que consta no interdito proibitório, mas, certamente, sempre encontramos saída para este tipo de prática que, ao nosso ver, é uma prática antissindical, que não deveria estar sendo feita pela Volkswagem. A greve continua, está forte e vai se intensificar”, garantiu Marques.

Os trabalhadores aplaudiram quando o coordenador do Comitê Sindical na Volkswagen, Reinaldo Marques, o Frangão, afirmou que o sindicato não aceitaria tal restrição. “Faz 22 anos que trabalho aqui e sempre foi assim, sempre nos manifestamos. Temos que lutar. E segunda-feira vai ser pior”, falou o metalúrgico Hildo Severino de Lima, 51 anos.

Confiante, Daniel Capati, 35, que recebeu o telegrama em casa avisando da demissão, também acredita na força do movimento grevista para reverter a situação. “Todo mundo aderiu, tem bastante gente e outras entidades apoiando. Trabalhei sete anos aqui e, para a empresa, fui só mais um número riscado.”

Segundo o presidente do sindicato, além da guerra fiscal entre os Estados que levam as montadoras para longe de São Paulo, a dificuldade em conseguir crédito também fez com que a venda de veículos caísse quase 7% em 2014. “Grande parte do consumidor brasileiro prefere carro na faixa de R$ 40 mil, que é boa parte do mix da Volks, mas, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição dos Veículos Automotores), de cada sete pessoas que procuram o banco para obter crédito, só uma consegue, portanto, o mercado quer comprar.”

Hoje, a paralisação dos cerca de 13 mil funcionários da Volks – sendo 11 mil do chão de fábrica e 2.000 dos setores administrativo, vendas e RH, entra no quarto dia. Segundo estimativas do sindicato, deixam de ser produzidos 5.400 veículos.

APOIO - Quando Marques anunciou, em cima do carro de som, a intenção de intensificar os movimentos grevistas e interditar a Via Anchieta, o apoio dos trabalhadores foi unânime. “Se parar a Anchieta, São Paulo inteiro para. Ninguém sai e ninguém entra”, disse o metalúrgico Francisco Jorge, 47.

“As alianças que estamos conseguindo, a solidariedade e o apoio do Estado vão nos ajudar a colocar a Volks de joelho para nunca mais fazer isso com o trabalhador do ABC. Semana que vem os metalúrgicos não vão caber na Anchieta”, afirmou o presidente da entidade.

Ontem, o superintendente regional do Trabalho e Emprego, Luiz Antonio Medeiros, esteve com Marques na sede do sindicato para avisar que está se articulando com outras lideranças para ampliar o apoio.

A entidade já recebeu demonstrações do ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias e do secretário estadual do Trabalho e Renda, João Dado, que se colocaram à disposição para intermediar acordo a fim de evitar os cortes. Também se manifestaram a favor o presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antonio Neto, e o presidente Nacional do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), Zé Maria. 




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