A diplomação e posse de Leonel Damo (PV) determinada pela juíza eleitoral Ida Inês Del Cid pegou de surpresa seu principal adversário político, Márcio Chaves Pires (PT). "Interpreto a atitude como absolutamente apressada, tomada de surpresa. Ninguém esperava por isso. A legislação determina que entre a diplomação e a posse deve haver prazos para recurso, mas nem isso foi respeitado." O advogado de Márcio, Fernando Amaral, disse que a decisão foi apressada, porque também não aguardou a manifestação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), onde dois recursos de Damo aguardam confirmação de sua diplomação, decidida em dezembro pela mesma juíza de Mauá. Amaral afirma que vai avaliar se cabem novos recursos contra a decisão de terça. "Não acho que está correta porque ainda há recursos pendentes sobre a validade ou não das eleições. Vamos avaliar o caso com cuidado. Mauá não merece mais conturbação. Acho que a decisão de hoje (terça) não contribuiu para solucionar o impasse."

Márcio Chaves venceu o primeiro turno, mas teve a candidatura cassada e brigou 14 meses para tentar recuperar os direitos, mas perdeu a batalha final quinta-feira no STF (Supremo Tribunal Federal). Ele reconhece que está fora da disputa, mas acredita que isso não transfere o título imediatamente para o candidato do PV. Após perder a ação específica em que buscava restabelecer seus direitos, Márcio retirou-se do processo. É o chamado ‘bom tombo’, em que o derrotado ‘limpa a área’ para agilizar a solução. O detalhe é que no entendimento dos advogados do petista, Damo ainda precisa provar ao TSE que está correto o cálculo utilizado pela juíza quando deu a diplomação e posse em dezembro e também nesta terça-feira.

O advogado de Damo, Tito Costa, no entanto, assegura que não há mais pendência no TSE. Ele considera o caso encerrado. "No TSE tem um recurso que suspendia a diplomação condicionada à decisão do STF. Logo, a suspensão acabou, então o Leonel está diplomado e empossado. É muito fácil de entender." Tito Costa considera esta uma vitória "muito especial". "Tivemos uma delonga muito acentuada. Para se ter uma idéia, o recurso extraordinário do Márcio entrou no Supremo em abril. Eu fiz várias petições enfatizando a necessidade de julgar logo. Agora está resolvido."

Márcio diz que a posse de Damo pode ser legal, mas não é legítima, porque está baseada em uma conta questionável. A juíza considerou que, uma vez cassado o petista, ficaram nulos os 91.910 mil votos dados a ele. Juntou a esses os 6.585 em branco e 16.568 nulos. Por isso, o universo de votos válidos foi reduzido de 223,9 mil para 108 mil e o candidato do PV venceu com 73% no primeiro turno. É essa matemática questionada pelo TRE que o TSE ainda avaliaria. "Acho lamentável. Pode ser legal, mas é ilegítimo. É como se Mauá tivesse apenas 108 mil eleitores. O Damo teve apenas um terço dos votos."