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Internet para ouvir debates e conversas

Maior quantidade de produções e de público marca o boom do formato do podcast

Luís Felipe Soares
04/07/2020 | 23:59
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Discussões sobre temas diversos fazem parte do cardápio disponível de podcasts. A atração, disponibilizada de maneira gratuita em sites, serviços de streaming de música e aplicativos próprios, mescla diversidades de assuntos com a liberdade de o público poder ouvir quando quiser, seja no caminho para algum lugar, enquanto realiza tarefa em casa ou quando está relaxando. As últimas temporadas mostraram que esse tipo de ‘programa de rádio moderno’ fincou seu posto como alternativa para consumir conteúdo, praticamente, sobre tudo.

A dinâmica nasceu no início dos anos 2000, mas sem o boom recente. “O crescimento dos podcasts aconteceu de forma mais acentuada nos últimos anos por uma combinação de fatores, entre eles a popularização dos smartphones e a mudança cultural no hábito de consumo de informação e entretenimento”, analisa Lucas Patrício, CEO da empresa Half Deaf, produtora de podcasts de São Paulo com títulos como Libertinagem, Revolushow, Imagina Juntas e Popcult no acervo. “Uma vez que as pessoas adquirem o hábito do consumo sob demanda, seja assistindo filmes alugados na TV a cabo, conteúdos de criadores no YouTube, ou séries no Netflix, o consumo de áudio também seguiu o modelo. A oferta tende a aumentar, diversificando temas, formatos e interesses. Dessa forma, novos níveis de usuários são alcançados e também novas ondas de produção acontecem.”

A Associação Brasileira de Podcasters diz que, atualmente, existem mais de 7.000 programas ativos no País. Dados do Spotify mostram que o Brasil se consolidou como segundo maior consumidor do formato no mundo, com a liderança ficando com os Estados Unidos. Pesquisa realizada pelo Deezer no ano passado apontou que a quantidade de plays nesse tipo de atração registrou aumento de 67% ao longo de 2019, com 25% do público nacional gastando mais de uma hora por dia ouvindo discussões, debates e conversas por meio da internet.

“O maior desafio é criar conteúdos relevantes, de qualidade e encontrar público. A descoberta de podcast ainda é muito apoiada na indicação e os crescimentos tendem a ter curvas mais longas que em outras mídias. No entanto, os públicos de podcasts tendem a ser muito fiéis”, explica Patrício.

Apesar de toda a liberdade envolta, os produtores de conteúdo precisam analisar suas responsabilidade diante do público, principalmente os adolescentes. “É preciso ter cuidado com a linguagem e entender que, embora pareça um papo solto, não é uma mesa de bar, onde você fala exclusivamente para seu círculo de amigos. É uma conversa pública e, por isso, há uma grande responsabilidade dos participantes em transmitir conhecimento e emitir opiniões que não sejam baseadas em preconceito ou desinformação”, diz o jornalista Henrique Sampaio, apresentador do Motherchip, especializado em games e internet.

Ele comenta que o retorno dos ouvintes é importante porque ajuda a “moldar o formato e a criar um vínculo emocional”, sendo que essa troca motiva a continuar o projeto. “Além das ferramentas que permitem medir a audiência, acompanhamos o burburinho nas redes, os e-mails e os comentários no post em nosso site (www.overloadr.com.br). Quando o público se interessa em participar da discussão, não importa o meio, a gente entende que conseguimos criar esse engajamento, que é o que, no fundo, mantém o interesse das pessoas a longo prazo.”

Pandemia agita movimentação do público

O período da pandemia do novo coronavírus parece ter ampliado o contato do mercado de podcasts com o público. Pelo menos é o que diz pesquisa internacional realizada em abril pelo streaming de música Deezer. Cerca de 43% dos brasileiros ouviram um programa do tipo pela primeira vez durante a quarentena. Mundialmente, foi registrado aumento de 145% de conexões diárias em atrações de relacionamento nos últimos meses.

“Houve mudança natural no consumo dos podcasts de acordo com as novas rotinas. Alguns programas sofreram redução de audiência – ainda que tenham conquistado novos ouvintes no processo – e outros viram seus números aumentarem, diz Lucas Patrício, CEO da produtora Half Deaf. 




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