São Caetano é, tradicionalmente, a cidade mais avessa ao PT. E, ao que parece, o diretório petista local sentiu o golpe. Em 2016, o candidato do partido ao Palácio da Cerâmica e presidente do PT municipal, Márcio Della Bella, foi apenas o sétimo colocado entre oito prefeituráveis. Desde então, a legenda só coleciona problemas na cidade.

O primeiro deles foi o despejo da sede, que ficava na Rua Espírito Santo, no bairro Santo Antônio. O diretório acumulou dívida de oito meses de aluguel – passivo atingiu a marca de R$ 16 mil – e o deficit teve de ser pago pelo presidente da Câmara, Pio Mielo, ex-filiado ao petismo e hoje no MDB. Pio era fiador do contrato de locação e precisou honrar com o compromisso que o diretório não conseguiu.

A partir desse fato, o PT de São Caetano, que era coadjuvante na cidade, definhou. Quase não há movimentação política no partido. Os únicos passos são dados por Della Bella, e é em busca de espaço em gabinetes de correligionários. Atualmente, por exemplo, ele está no escritório do deputado estadual Luiz Turco (PT), de Santo André. Como Turco não foi reeleito, será exonerado da Assembleia Legislativa até dia 15.

Para piorar o cenário, o papel de opositor ao governo do prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) tem se limitado a alguns vereadores próximos do ex-prefeito Paulo Pinheiro (DEM) e do ex-prefeiturável Fabio Palacio (PSD), além do Psol, que conta com diversos ex-filiados ao petismo no município – o principal deles, o ex-vereador Horácio Neto.

Della Bella discorda da visão de que o PT de São Caetano está à margem na política local. “Estamos tocando as coisas”, disse. “Este ano (2019) vamos fazer campanha Lula livre e seremos oposição ao governo (do presidente Jair) Bolsonaro (PSL). Mas claro que teremos nomes para disputar as eleições (em São Caetano). Teremos candidatos para vereadores, com certeza. Mas ainda é cedo para falar de candidatura a prefeito. Ainda não estamos discutindo isso.”

O presidente da legenda reconheceu que a perda da sede prejudicou a realização de encontros, mas reuniões ainda são feitas, segundo ele, na residência de militantes que abrem esse espaço. “Tivemos de abrir mão da sede no fim de 2016 por falta de recursos”, lamentou.

A situação parece ser tão dramática que nem mesmo no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o diretório do PT aparece como válido. A última vez em que o partido teve representante foi justamente com Pio, eleito pela sigla em 2012 para a Câmara. Em 2016, porém, ele se transferiu para o MDB, à época agremiação de Paulo Pinheiro. Della Bella disse que o PT local conta com 2.000 filiados.