Política Titulo Neto de Lula
Após dois meses, Bartira se esquiva sobre diagnóstico

Hospital da Rede D’Or evita citar se houve apuração do equívoco em relação à morte do neto de Lula

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
30/04/2019 | 07:00
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Mesmo diante do período de 60 dias da morte do garoto Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Hospital Bartira, da Rede D’Or, localizado em Santo André, evita se posicionar sobre eventual abertura de sindicância para apurar equívoco no diagnóstico da criança. Diferentemente do que foi divulgado na ocasião pela unidade de saúde, Arthur não morreu de meningite meningocócica, doença contagiosa. Ele entrou em óbito no dia 1º de março em decorrência de infecção generalizada, provocada pela bactéria Staphylococcus aureus.

O erro do hospital foi explicitado apenas um mês depois da morte, quando a Prefeitura de Santo André emitiu nota admitindo que exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz afastaram a meningite como causa do óbito de Arthur. Não se sabe, apesar de passados exatos dois meses, no entanto, quais providências cabíveis foram adotadas pela unidade de saúde no caso, que provocou, por exemplo, situação de alarme por procura de vacinas particulares no Grande ABC, e nem se o equipamento buscou formas para averiguar as circunstâncias do vazamento da informação.

Depois de entrar com ofício no Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) cobrando análise sobre possíveis irregularidades no episódio, o ex-ministro da Saúde e hoje deputado federal Alexandre Padilha (PT), próximo à família Lula, requer esclarecimentos oficiais do Bartira quanto a medidas para apurar o problema.

“Até agora não estão claros quais foram os procedimentos tomados pelo Bartira e Rede D’Or. Foi criada comissão, estabeleceu prazos, quais os instrumentos, foi atrás de WhatsApp ou e-mail, instituiu regras dentro do hospital em relação a isso? Não há posicionamento. E já ouvi várias vezes da família que, se não houver posição clara sobre isso, irá entrar na Justiça para exigir reparação”, pontuou o parlamentar.

Padilha reafirmou que o “vazamento se mostrou mais danoso ao conjunto da população do Grande ABC, por conta do diagnóstico incorreto, gerando pânico na região por fazer relação a doença transmissível”. Segundo o deputado, a transparência é “o mínimo que o hospital tem que dizer para a família e à sociedade”. “O hospital pode solicitar apoio de outros órgãos para averiguação. Não há esclarecimentos. É necessária uma apuração. Foi um pânico desnecessário, inclusive. Pessoas saíram para comprar vacina, algo extremamente grave.”

Questionado, o Bartira não respondeu aos questionamentos da equipe do Diário. Em outra oportunidade, a unidade sintetizou ter prestado “todo o atendimento de forma imediata, proporcionando a assistência necessária ao caso”. “Qualquer informação adicional dependerá da autorização expressa da família.” O Cremesp, por sua vez, confirmou ter instaurado investigação interna para avaliar responsabilidades. 




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