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Prefeitos divergem de encaminhamento dado à CPI da Covid

Parte dos gestores municipais avalia que não é momento adequado; outra parcela dos políticos não vê problemas na medida

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
18/04/2021 | 07:00
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Prefeitos do Grande ABC divergem sobre o encaminhamento dado à CPI da Covid-19 em Brasília, que registrou primeiro passo formal no Senado para investigar as ações do governo federal durante a pandemia, avançando o escopo, contudo, também para averiguar os valores repassados pela União no período a Estados e municípios. No ano passado, a média de transferências mensais foi de R$ 48,8 milhões, que serviram para auxiliar no custeio de hospitais de campanha, equipamentos de saúde e leitos.

Dos gestores municipais ouvidos pelo Diário, alguns endossam a tese de que a comissão envolva os aportes às prefeituras nas investigações, sob alegação que as cidades receberam repasse federal para enfrentamento à crise sanitária. Outros chefes de Executivo avaliam que o momento é inadequado, tendo em vista o agravamento do cenário nacional, ou que a situação serve apenas para desviar o foco da gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), considerado responsável pela evolução do caso.

O prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL), que retornou ao comando da cidade neste ano para o terceiro mandato, defende que o bloco invista também nos municípios. “A Prefeitura de Ribeirão Pires se manifesta totalmente favorável à possível investida do presidente da República e de parte do Congresso de investigar também Estados e municípios na CPI da Covid. Caso algum crime seja constatado, que os responsáveis sejam punidos.”

O prefeito de São Caetano, Tite Campanella (Cidadania), bancou também que haja apuração ampla nos repasses aos municípios, justificando ideia de “transparência total”. “Sou a favor da transparência e da investigação porque foram investidos altos valores no combate à pandemia (em todo o País), e que precisam ser justificados. Nós, em São Caetano, disponibilizamos todos os custos por meio do Portal da Transparência, que são auditados pelos órgãos de controle”, afirmou Tite.

Prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT) apoiou que as investigações alcancem os municípios. O petista entende que, como Diadema recebeu valores do governo federal, os moradores precisam de esclarecimentos, sem deixar de criticar a condução de Bolsonaro no período. “A CPI é fundamental para responsabilizarmos esse governo que cruzou os braços enquanto milhares de famílias choravam pelos seus entes queridos. Sobre estender a CPI para os municípios, no caso de Diadema, seria importante, uma vez que, apesar dos repasses financeiros de 2020, não houve investimento na ampliação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria”, apontou Filippi.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), sustentou que “transparência é fundamental no poder público”, mas ponderou, por outro lado, que o momento é de união de esforços entre os atores políticos no avanço para aquisição de vacinas contra a doença. “Não sou contrário (à CPI). Quem agiu com retidão está tranquilo. Só avalio que não é o momento apropriado. Na minha opinião, deveria concentrar esforços, senadores, deputados, governadores, unidos na busca por imunização. Eventuais problemas e responsabilidades podem ser averiguados em momento posterior. É legítimo. Mas ainda estamos em uma guerra.”

No início do mandato, o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), avaliou que o objeto da CPI deveria ser apenas na gestão Bolsonaro. Em meio a críticas, o petista entende que o País é encarado como o pior no combate à pandemia. “O foco da CPI precisa ser realmente o governo federal, principal responsável pela situação em que o Brasil está atualmente. O presidente da República contribuiu muito para o agravamento da crise ao negar a gravidade da Covid”, disse o prefeito. “Mas se a CPI for estendida aos municípios, vamos colaborar.”

A Prefeitura de São Bernardo, comandada por Orlando Morando (PSDB), foi sucinta ao declarar que os recursos federais recebidos para combate à pandemia atendeu a legislação, sem entrar no mérito da amplitude da comissão.




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