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Leite tem maior alta desde o Plano Real
21/07/2007 | 07:10
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O consumidor sofreu um duro impacto com os problemas de oferta reduzida de leite no mercado interno este ano. Levantamento exclusivo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), mostra que o preço do leite tipo longa vida subiu 29,13% no primeiro semestre deste ano no varejo, o maior nível de elevação para esse período desde o Plano Real, em 1994.

O cenário do leite acabou puxando para cima os preços de todos os produtos da cadeia de laticínios, que acumulam alta de 15,04% nos primeiros meses deste ano – também a mais intensa elevação em 13 anos.

Longa vida - André Braz, economista da FGV , explica que o leite tipo longa vida é o de maior peso entre os derivados componentes da cadeia de laticínios. “Qualquer flutuação no preço do leite (longa vida) a cadeia de laticínios sente na hora”, disse.

Ele lembrou que esse cenário é reflexo da movimentação de preços do leite in natura do atacado, que já está com o preço em disparada há algum tempo.

Dados do IGP-10 (Índice Geral de Preços – 10), de julho, divulgados na última quarta-feira, mostram que o leite in natura continua em aceleração, com alta de 8,42%, ante aumento de 7,15% em junho.

Outro ponto destacado pelo economista é a cadeia longa de produtos relacionada ao leite. Ele considerou que a movimentação de alta do produto é sentida por vários outros itens no setor de alimentação, puxando para cima a inflação dos alimentos.

De junho para julho, a alta de preços do grupo Alimentação, no âmbito do IGP-10 mais que dobrou (de 0,49% para 1,05%) – sendo que um dos destaques na pesquisa foi o leite tipo longa vida, com alta de 15,79%, ante elevação de 10,03% no indicador de junho.

Derivados - Segundo o levantamento da FGV, é possível notar que vários itens derivados do leite atingiram, no primeiro semestre deste ano, o mais intenso grau de elevação em muitos anos.

É o caso do leite condensado, cuja alta de preços foi de 8,97% nos primeiros seis meses do ano - só superada pela alta de preços no mesmo período em 1995, quando subiu 14,88%.

O presidente da ABLV (Associação Brasileira do Leite Longa Vida) – cujos associados produzem cerca de 5,2 bilhões de litros de leite, do total de 6 bilhões de litros produzidos no País em 2006 _ e presidente da Cooperativa Vale do Rio Doce, Wellington Braga, observou que o setor passou por problemas de origem interna e externa este ano.

Ele explicou que, atualmente o período é de entressafra na produção do leite, o que já reduz a oferta no mercado interno. “Além disso, o consumo (interno) aumentou esse ano”, afirmou o executivo.

Exportações - Outro ponto destacado por Wellington Braga foi o aumento das exportações brasileiras de itens lácteos, devido aos resultados ruins de grandes regiões produtoras, como Austrália e Nova Zelândia.

Com isso, a demanda por leite também no exterior tornou-se maior do que a oferta _ o que elevou a cotação do leite no mercado internacional, estimulando os fabricantes brasileiros a elevarem seu patamar de vendas externas. “Não existe um fator isolado que explique (a elevação no preço do leite longa vida)”, afirmou.

Para ele, os preços podem até continuar a acelerar, mas não de forma tão intensa como a registrada até junho.

Na avaliação do executivo, o que ocorreu esse ano foi uma “recuperação de preços”, efetuada pelos produtores, que passaram por um período de preços baixos nos últimos dois anos.

Ele não descartou a possibilidade de, quando ocorrer o término do período da entressafra, em setembro, os preços desse produto continuarem em patamar elevado, em comparação com os dois anos anteriores.

Isso não significa que o consumidor brasileiro terá que se acostumar com leite mais caro, na opinião de Braga. “Antes, o preço do leite estava em nível irrisório. Agora, com essa elevação, ele vai ficar um preço justo”, complementou.

Custos em alta - O presidente da Cooperativa Vale do Rio Doce comentou que os fabricantes também tiveram que lidar com alta de custos, nos últimos anos. “Se o produtor não for bem remunerado, ele vai deixar de produzir. A cadeia (de laticínios) tem que ser bem remunerada”, afirmou.

Informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a produção de leite está em alta, quando comparada com igual período no ano passado.

O dado mais recente do instituto, referente ao primeiro trimestre deste ano, mostra que a aquisição de leite nos primeiros três meses deste ano foi de 4,3 bilhões de litros, uma alta de 2% quando comparado com igual trimestre de 2006.




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