Economia Titulo Deflação
Cesta básica recua 4,78% em julho

Contribuíram para a queda do conjunto os grupos de alimentos industrializados e hortigranjeiros

Verônica Lima
Do Diário do Grande ABC
02/08/2008 | 07:18
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Os consumidores do Grande ABC desembolsaram 4,78% a menos pelo conjunto de artigos de primeira necessidade em julho. Segundo a Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) com a redução, o custo médio da cesta básica, que em junho era de R$ 331,33, passou a custar R$ 315,48 no último mês.

A queda de R$ 15,85 no preço da cesta básica foi um alívio para as famílias que em junho pagaram R$ 17,55 a mais pelos produtos básicos.

MAIS EM CONTA - O grupo de alimentos industrializados foi o que mais contribuiu par o bolso dos consumidores da região, com queda de 5,68% no período.

Os grupos de higiene pessoal e hortifrutigranjeiros também registraram preços mais em conta nas prateleiras e gôndolas, de respectivamente, 2,52% e 2,24%.

O recuo foi verificado principalmente no valor do sabonete (-2,36%), do creme dental (1,54%), do papel higiênico (-3,46%), da cebola (-17,49%), da batata (-3,48%) e do tomate (-5,49%).

Além disso, o pacote de cinco quilos do arroz caiu 18,90% em julho, o pão ficou 11,18% mais barato, mesma tendência do leite Longa-Vida (-9,17%) e da carne bovina de segunda (-7,89%).

"Sem grandes perspectivas de alta no curto prazo, o preço do arroz vai se mantendo diante de um mercado sem movimentação. Com isso os supermercados queimam seus estoques, a fim de repor a mercadoria com produto mais recente", explica o técnico agrícola da Craisa, Joel Diogo de Arruda Guerra.

MAIS CARO - Em julho, o preço da laranja sofreu reajuste de 14,19%, a banana ficou 12,13% mais cara, assim como o feijão que apresentou aumento de 7,17% e o frango (1,91%).

"Apesar da variação de alta do feijão, podemos observar que os preços recuaram ao longo das quatro semanas de julho. Fato que aponta para o ingresso de maiores volumes da safrinha de inverno, mesmo assim não foi o bastante para reduzir a média geral que se acumulou no final do último período e na primeira semana de julho", conclui.

Setor alimentício cresce, apesar da alta de preços

Beneficiados pelo aumento do emprego, a indústria e o comércio varejista de alimentos estão registrando expansões significativas de produção e vendas, apesar da forte alta dos preços dos produtos alimentícios este ano.

Promoções, reduções de margem, aposta em marcas próprias e persistência dos consumidores são os fatores que, ancorados pelo bom desempenho do mercado de trabalho, estão mantendo produtores e revendedores de alimentos no País ao largo da crise mundial desses produtos.

O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, disse que o cenário macroeconômico "ainda é muito bom" e o aumento na criação de vagas formais tem uma forte influência no comportamento do consumidor, reduzindo os efeitos do aumento de preços sobre as vendas. "A primeira pauta de consumo de quem consegue emprego é alimentação", afirmou.

Segundo os dados do comércio varejista do IBGE, as vendas de hiper e supermercados aumentaram 8,4% em maio ante igual mês do ano passado, a despeito da alta de 1,95% nos preços dos produtos alimentícios do IPCA do mês.

Para a camada de renda mais baixa da população, cuja inflação é medida pelo INPC, o aumento dos alimentos chegou a 2,19% em maio. O presidente da Abras disse que as classes C, D e E respondem por cerca de 70% do consumo de alimentos no Brasil. "Nos produtos básicos, como arroz e feijão, a perspectiva é de continuidade ou aumento do consumo, mas outros produtos considerados supérfluos são mais atingidos", disse Honda.

Segundo ele, a partir de agora haverá uma verdadeira disputa pelo orçamento dos consumidores em segmentos como telefonia, eletrodomésticos e alimentos. "Nossa expectativa é que o consumidor refaça o orçamento e tenha maior destinação para alimentos e menos recursos para outros produtos", disse.

Honda afirma que os supermercadistas mantêm intensas negociações com a indústria para evitar repasses de preços. A expectativa é que a inflação e o aumento dos juros acabe rebatendo no consumo, mas não de forma drástica.

O diretor de economia da Abia (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos), Denis Ribeiro, acredita que a alta nos preços dos alimentos não vai impedir que as indústrias vinculadas a esses produtos apresentem um crescimento de 4,5% este ano.

Em 2007, segundo os dados da entidade, o crescimento foi de 3,8%. Os custos da indústria alimentícia estão bastante pressionados, já que incluem não apenas os alimentos in natura, mas também outros itens, como embalagens. "A indústria de alimentos está sofrendo pressão de custos por todos os lados", afirmou. (da AE)




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