O total de 54,6% de votos favoráveis à adesão à ONU tiraram da Suíça o que por muito tempo foi o orgulho nacional, integrando-a ao concerto de nações. A neutralidade suíça, reconhecida oficialmente em 1815, através do Tratado de Viena, que redesenhou a Europa depois da derrota de Napoleão, será "fundamentalmente questionada", segundo os críticos à adesão à ONU, ou "mantida e preservada", segundo o governo.
O fim da Guerra Fria e, em menor medida, as revelações de historiadores sobre o papel pouco claro da Suíça neutra durante a Segunda Guerra, fizeram perder peso a influência política do país no cenário internacional e contribuíram para manchar sua imagem, destacam os comentaristas.
As grandes empresas suíças, como Nestlé, UBS e Novartis, que se abriram ao mundo, contribuíram para fazer mudar a opinião suíça, segundo analistas. No seu ponto de vista, havia uma contradição cada vez maior entre a sua própria abertura ao mundo e a recusa da maioria da população em participar dos grandes debates internacionais.
Até agora, os esforços do governo em favor da ONU, iniciados oficialmente em 1977, haviam se chocado com o rechaço categórico da população. Esse rechaço foi mostrado em 1986 com um voto negativo de 75%. Quinze anos depois, a maioria dos suíços tem uma opinião diferente, consciente de que o isolamento prejudicava o país.
"Agora, a Suíça tem no exterior uma imagem mais moderna, mais aberta", destaca Victor-Yves Ghebali, professor do Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra. No entanto, "continua existindo na Suíça uma mentalidade de fortaleza que não quer estrangeiros e prefere ficar sozinha".
O governo, os partidos políticos e os principais responsáveis econômicos advertiram que o voto em favor da ONU não deve ser interpretado como um passo na direção da União Européia. Em março do ano passado, 76,7% dos suíços rejeitaram qualquer aproximação acelerada da UE, preferindo negociações setoriais com Bruxelas.
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