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Empresas da região bancam 13º sem sufoco
Hugo Cilo
Do Diário do Grande ABC
02/12/2004 | 10:37
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A segunda parcela do 13º salário dos 582,6 mil trabalhadores do Grande ABC, que representa montante de aproximadamente R$ 300 milhões, deverá ser quitada neste mês sem sufoco em todos os setores produtivos da região. Os sindicatos dos principais segmentos chegaram a cancelar os plantões criados para receber, nas últimas semanas do ano, reclamações de funcionários sobre pendências referentes ao pagamento da gratificação natalina.

Essa onda de boas perspectivas é atribuída ao reaquecimento da economia brasileira e ao otimismo em relação ao aumento do consumo e à recuperação do poder de compra. Embora não tenha sido confirmado pelas empresas, as vendas no comércio já são infladas pelo volume de recursos para o pagamento do 13º que ingressou no mercado, segundo os sindicatos. A primeira parcela foi depositada no dia 30 de novembro.

O secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, José Braz da Silva, o Fofão, frisou que o setor deverá registrar o menor índice de reclamações dos últimos anos referentes ao 13º salário. "O ano está muito bom. Até mesmo as micro e pequenas empresas, que geralmente têm mais dificuldades para pagar os direitos trabalhistas dos funcionários, neste ano, já anunciaram que não terão problemas."

Em uma indicação de que o caixa das empresas contempla os desembolsos previstos para bancar o 13º salário, o sindicato não vai manter, no fim do ano, uma equipe de plantão para resolver pendências referentes ao pagamento do benefício, como é costume da entidade. "Não vemos necessidade de mobilizar uma equipe para o plantão, assim como fará a maioria dos outros sindicatos. Nem trabalhador nem empresário teme dificuldades para quitar o benefício neste ano", diz Fofão.

Contraste - Nem mesmo a indústria moveleira, que não esbanja otimismo como a maioria dos setores produtivos da região, admite problemas para depositar a gratificação. Apesar de não fazer coro com as previsões tranqüilas dos demais segmentos, baseadas nos bons resultados do ano, os trabalhadores do ramo moveleiro não devem se preocupar, segundo Ivan Jorge Picoli, proprietário da Mix Móveis, de São Bernardo.

O empresário admite que o mercado não está acomodado como o setor projetava, porém isso não representa uma ameaça ao pagamento do benefício. "De modo geral, as empresas do setor estão em dificuldade, apesar do reaquecimento da economia. Uma série de fatores prejudicou o crescimento da indústria moveleira nos últimos meses", diz. "No entanto, a segunda parcela do 13º, na minha opinião, não está ameaçada."

Segundo Picoli, finais de ano são períodos ruins para o segmento, já que as vendas de móveis caem durante novembro e dezembro. "As empresas que podem quitam o 13º até setembro, no máximo. Foi o que fiz. Esperar um aumento no volume de vendas é sempre muito arriscado", acrescenta o empresário, que emprega 80 funcionários diretos na sua empresa.

Crédito - Para evitar que empresas deixem de honrar a folha de gratificação natalina, o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) assinou nesta semana convênio com o Banco do Brasil para concessão de crédito para pagamento do 13º. A linha de financiamento está disponível aos associados desde esta quarta.

A intenção é fortalecer o caixa das indústrias para pagamento das despesas extras do final do ano. O desembolso é feito em duas parcelas: a primeira no ato da assinatura do contrato e a segunda até 20 de dezembro. No entanto, geralmente os empréstimos são apenas para o pagamento da segunda parcela.

Neste ano, os recursos colocados à disposição pelo Banco do Brasil apresentam taxa de 1,80% ao mês mais a incidência da TR (Taxa Referencial), e serão disponibilizados apenas às empresas correntistas. As taxas médias do mercado giram em torno de 2,18% ao mês.

O financiamento pode ser parcelado em até 12 vezes. Operações com teto de R$ 50 mil serão feitas apenas com aval pessoal. Acima desse valor, é necessário acordo com previsão da capacidade de endividamento do cliente. Os associados do Ciesp interessados na linha de crédito devem procurar uma agência do Banco do Brasil para levantar as informações exigidas.




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