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Sem ajuda, agências da CVC fecham as portas

Em todo o País, estimativa é a de que pelo menos 130 franqueadas encerraram atividades

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/12/2020 | 00:04
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DGABC


A crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 atingiu em cheio o setor de turismo no País. Além das grandes companhias, como o caso da CVC Corp, sediada em Santo André, há forte impacto nas agências franqueadas. Muitas acabaram não resistindo e encerraram as atividades, perdendo o investimento feito e despedindo funcionários.

Em outubro, durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, que teve como resultado prejuízo líquido de R$ 215,6 milhões, a empresa estimou que cerca de 1.200 franquias estava operando, número que representa redução de 11,76% em relação ao período pré-pandemia, quando somava 1.360 unidades. Na ocasião, o CEO da companhia, Leonel Andrade, afirmou que o volume das que encerraram as portas de maneira definitiva não atingia 10%. Considerando que essa estimativa esteja correta, são aproximadamente 130 agências, que, caso empregassem três pessoas em cada uma, deixariam saldo de 390 desempregados.

A companhia, que começou a operar em 1972 com a abertura de agência de viagens em Santo André, sempre priorizou o atendimento presencial nas unidades. Porém, com o avanço do digital, os franqueados vêm enfrentando dificuldades há pelo menos cinco anos, quando a companhia adquiriu a Submarino Viagens, sem lojas físicas, e a concorrência ficou mais acirrada.

O Diário conversou com ex-fraqueado que precisou fechar agência na Capital após cinco anos trabalhando com a marca. Hoje ele, que preferiu não se identificar, aguarda o resultado de ação na Justiça contra a empresa para tentar recuperar mais de R$ 500 mil investidos no negócio.

“Já fazia um tempo que eu estava descontente com o posicionamento da marca. Havia uma concorrência desleal com outras bandeiras de dentro da própria empresa, como a Submarino Viagens (empresa adquirida e incorporada em 2015)”, contou. “Quando a gente passava esse problema para CVC, de que os clientes estavam encontrando pacotes mais baratos na internet, a orientação era para explicar que uma loja tinha mais custos. Mas, o que o cliente quer, principalmente, é um bom preço, e a gente ficava refém dessa situação, sem conseguir ser competitivo.”

Com o início da pandemia, foi preciso fechar as portas das lojas – por não serem serviço essencial – por alguns meses. E, neste caso, a operação ficou inviabilizada. “Nós não tínhamos força para pedir dinheiro, porque as garantias de uma loja são diferentes de uma empresa, por exemplo. Eles chegaram a anunciar linha de crédito com a Caixa, mas mesmo assim não era garantido conseguir o montante. Ficamos à deriva, sem conseguir nada”, relatou.

Em maio, o empresário ensaiou reabertura, mas não conseguiu manter a operação. “Foi decepcionante perder todos aqueles anos de trabalho em apenas quatro meses.”

Questionada sobre o assunto pelo Diário, a CVC Corp não retornou até o fechamento desta edição.


Companhia encerra operações da Almundo no México e Colômbia

Como mais uma ação que demonstra o foco no mercado digital, a CVC Corp anunciou a transferência da empresa Almundo para a Submarino Viagens. Com a medida informada na última semana aos acionistas, por meio de fato relevante, a operação da empresa será descontinuada no México e na Colômbia. A mudança deve ser concluída logo no primeiro trimestre de 2021.

A decisão foi anunciada como uma forma de continuidade às ações de fortalecimento das operações da CVC nos mercados considerados estratégicos e com relevância competitiva. A empresa, que atuava nos dois países da América Latina, exclusivamente em ambiente virtual, representa baixo volume de vendas e que foram significativamente afetadas pela pandemia da Covid-19.

“De forma consolidada, as operações da Almundo no México e na Colômbia – exclusivamente no segmento on-line – representaram 0,2% dos bookings (reservas) da companhia em 2020. O impacto nos resultados para a conclusão deste processo serão, principalmente, R$ 23 milhões de impairment (quando o valor contábil é superior ao valor recuperável) de ativos locais, e R$ 3 milhões de despesas legais, indenizações e outras”, informou o documento.

No País, a Almundo passa a se chamar Sub Viagens, após o processo de integração ser concluído. A iniciativa não tem impacto nas operações da Almundo Argentina, que segue normalmente.

A CVC Corp anunciou a compra da Almundo, por meio da Submarino Viagens, em novembro de 2019. Questionada pelo Diário, a empresa não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.




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