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Adotar é forma de amor

Crianças e famílias acreditam na força da compaixão para abrir espaço em casa para pets sem lar

Tauana Marin
Diário do Grande ABC
14/03/2020 | 23:59
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Denis Maciel/DGABC


“É muito difícil você ter a sensação de abandono, de não ter um lugar que seja seu.” É dessa forma que Antônia Fuzzo Carreiras, 9 anos, define a importância do ato de adotar algum animal, seja em feiras, abrigos ou lugares mantidos pelo governo. A intenção de quem adota é justamente dar um sentido à vida desses pets.

A estudante de Santo André tem três gatinhos, entre eles Mel, a mais nova da turma. “Eu e meu pai decidimos adotar mais uma vez quando saímos para comprar ração e areia para os outros dois, um casal. Ficamos sabendo que em São Bernardo havia filhotes e fomos até lá. No início meu pai não queria porque já tínhamos dois e minha mãe poderia reclamar, mas no fim ela se adaptou.”

Para ela, a adoção é muito diferente de comprar um bichinho de estimação. “Acho que adotar algum cão ou gato, por exemplo, que estejam sem lar, ou que foram maltratados, demonstra que a pessoa não quer ficar escolhendo, ela apenas quer um bichinho para dar carinho, seja ele de raça ou não.” Antônia confessa que ainda pretende juntar um cachorro à sua família. “A gente sempre aprende com eles e ganhamos muito carinho também.”

Outra que é apaixonada por animais é sua amiga de escola Olívia Macoriello Lourenço, 10. O cachorro vira-lata chamado Sócrates é a mascote da casa e necessita de tratamento especial. “Ele tem epilepsia, situação de quando o cachorro tem crises de convulsão, e, por isso, toma quatro medicamentos todos os dias. Essa é a razão de ele sentir muita fome”, explica a menina.

Antes, ela e a mãe moravam em um apartamento e, com a chegada de Sócrates, as duas e o padrasto se mudaram para uma casa maior. “Foi pensando em dar mais conforto para ele. Tem quintal. Não adianta ter um animal e não dar boas condições a ele. É preciso cuidar, levar ao veterinário, dar carinho, comida certa, porque é quase um ser humano.”

Olívia já teve dois gatinhos quando era mais nova, por volta dos 6 anos, que também foram adotados pela mãe. “Lembro que quando eles chegaram estavam numa caixa, muito pequenos. Mas, infelizmente, já morreram, porque estavam velhinhos. ” Quando questionada se há arrependimento de ter tido os gatinhos por causa da tristeza no momento em que partiram, a estudante é firme: “Jamais! Amo os animais e, apesar de eles não viverem para sempre, guardamos eles na memória e no nosso coração. Quero sempre ter bichos e, se possível, adotados.”

Chegada de pet demanda cuidados especiais

Alguns cuidados e detalhes devem ser levados em conta no momento de adotar um animal. A primeira coisa é se pensar no tamanho do pet e o ambiente em que ele irá viver, percebendo se haverá conforto e segurança. No caso de gatos, por exemplo, as janelas de um apartamento precisam ter telas de proteção para evitar quedas.

Outra questão é saber se a família terá tempo para cuidar de bichinho, afinal de contas, é um ser que precisa de passeios, banhos e rotina alimentar. Ao levar um animal adulto para o lar, o fator paciência também aparece, uma vez que não se sabe quais as condições que ele vivia antes da adoção. Com o tempo, fica mais fácil perceber essas necessidades. Quando o recém-chegado entende que os novos tutores desejam lhe dar muito amor e atenção, é natural que fique mais à vontade.

Levar ao veterinário é outra providência importante a ser tomada. É o profissional que irá receitar remédios e verificar condições gerais do pet, além de ver se o animal já foi castrado, esta sendo uma operação para deixar o paciente sem a capacidade de se reproduzir – o que evita o aumento de animais pelas ruas.

Presença de bichos ajuda saúde mental das crianças

Além da diversão e parceria com os humanos, os pets são ótimas companhias e ajudam a reduzir índices de ansiedade nas crianças. Segundo pesquisa realizada pela equipe do Bassett Medical Center, de Nova York (Estados Unidos), com crianças entre 6 e 7 anos, 12% dos jovens com cães de estimação tiveram resultados positivos em relação ao nível de ansiedade clínica contra 21% dos participantes que não tinham cachorro.

Faz cerca de dois anos que Gabriel Costa Pedroso, 9 anos, aluno do Singular Júnior de Santo André, ganhou uma companheira. A cadela Tuca já era adulta e foi adotada em uma ONG (Organização Não Governamental, que defende diferentes causas, como a dos animais). 

“Ela é vira-lata e muito esperta. Antes eu tinha a Teca, mas ela foi para o céu. Os bichos são alegria para a gente”, conta o garoto. Ele vibra ao falar de como sua cachorra faz festa quando ele chega em casa sempre que regressa da rua. “É porque ela gosta de mim. E eu acho muito bom dar um lar para bichinhos. Minha mãe filma a Tuca brincando e ela adora correr atrás de bolinhas”, comenta.

Ter animais dentro do cotidiano das crianças também ensina os pequenos questões como respeitar o espaço de cada ser vivo e que o carinho dado pode voltar em dobro.

Divulgada no ano passado, pesquisa feita pelo Instituto Pet Brasil revela que o País tem mais de 170 mil bichos sob cuidados de ONGs e grupos que atuam na área de proteção animal.

O levantamento também diz que cerca de 4 milhões de animais vivem atualmente em condição de vulnerabilidade.

Consultoria de René Monteiro Passos, veterinário e diretor clínico das unidades do Hospital Dr. Hato, do Grande ABC. 




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