A imprensa italiana questiona nesta sexta-feira a estratégia adotada pelo primeiro-ministro Silvio Berlusconi para retardar a derrota nas urnas e demonstra apreensão com a jogada pós-eleitoral.
"Votos envenenados", afirma o jornal do grupo Fiat La Stampa em um editorial muito crítico a respeito do chefe de Governo, que denunciou, sem qualquer prova, fraudes em massa para questionar a vitória da coalizão de centro-esquerda de Romano Prodi.
"Desde a noite de segunda-feira se desenvolve a pior situação pós-eleitoral da qual a Europa tem memória. É desagradável ver que quem envenena o clima, espalhando dúvidas sobre ilegalidades, é o presidente do Conselho", afirma o jornal.
A publicação de maior tiragem do país, Il Corriere della Sera, destaca na edição desta sexta-feira que "as primeiras verificações sobre os votos questionados não alteram o resultado".
"O último blefe do Cavaliere", denuncia o jornal ligado à centro-esquerda La Repubblica, para o qual a vitória de Prodi está confirmada. O jornal lembra que Silvio Berlusconi, em suas "frenéticas declarações de campanha", havia feito previsões sobre as fraudes que seus adversários estariam preparando.
O editorial do jornal econômico Il Sole 24 Ore Stefano Folli destaca: "Se Berlusconi teme - talvez de boa fé - que perdeu alguns votos no caminho e deseja mais clareza, tem a tentação de retirar a legitimidade de Prodi e sua coalizão, não reconhecendo o resultado das urnas".
"É aí que está o limite entre uma verificação normal, embora pouco comum, e um assalto aos equilíbrios democráticos", opina.
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