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Candidatos passam longe de palanque em evento em Diadema
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
17/07/2010 | 07:01
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A entrega do conjunto habitacional Nova Naval, ontem, em Diadema, foi marcada por cautela dos candidatos a deputado estadual e federal da região. Nenhum postulante esteve aos olhos da população e da imprensa. Os discursos das autoridades também foram ponderados, para evitar ofensa à lei eleitoral, que proíbe participação de candidatos em eventos oficiais de governo neste período de campanha.

A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ato, atrativo natural de centenas de potenciais eleitores, não foi chamariz suficiente para os pleiteantes tentarem alguma investida ilegal.

No palanque montado para a entrega dos imóveis, estiveram presentes apenas os prefeitos petistas Mário Reali, de Diadema, Luiz Marinho, de São Bernardo, Paulo Eugenio, interino de Mauá, Marcelo Cândido, de Suzano, além do ministro das Cidades, Márcio Fortes, do presidente da Câmara de Diadema, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), integrantes da Caixa Econômica Federal e da comunidade local.

Nas falas, pequenas referências à necessidade de continuidade do governo Lula. Nas entrelinhas, de maneira sutil, a leitura foi de que é preciso votar na petista Dilma Rousseff para presidente. Em nenhum momento foi citado o nome da ex-ministra, que tem como principal adversário José Serra (PSDB), o qual também não foi mencionado, apesar das críticas ao governo estadual comandado pelos tucanos há 16 anos (leia reportagem ao lado).

Lula observou que "nós não queremos retrocesso neste País" ao listar os avanços da camada mais pobre da população nos últimos anos, conquistas dos investimentos na área social de seu governo.

O prefeito Mário Reali ressaltou que os problemas da cidade começaram a ser enfrentados "somente a partir de 2003, na gestão do presidente Lula". "Diadema e o povo brasileiro devem muito ao presidente Lula. Por isso esse desenvolvimento tem de continuar."

O líder comunitário Luciano Soares Lima leu discurso e citou nominalmente alguns ex-secretários e atuais titulares de Pastas na administração de Diadema, que não concorrem a cargo eletivo em 2010. Ao referir-se a José de Filippi Júnior (PT), candidato a deputado federal, disse apenas "ex-prefeito".

Indagado se havia orientação da assessoria da Prefeitura ou da Presidência, afirmou que o texto teve de ser aprovado pela Secretaria de Comunicação da administração municipal. "Mas já enviei sem o nome, porque conheço a lei eleitoral."

Para petista, povo não pode esperar burocracia do governo de SP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se exaltou e criticou o governo do Estado, dirigido pelo PSDB, durante o evento em Diadema, ontem. O petista atacou a demora no processo de liberação de licenças ambientais por parte do Palácio dos Bandeirantes.

"Em vários lugares deste Estado, me parece que tem uma pessoa - que eu não sei quem é - que cria dificuldade para dar licença ambiental para a gente fazer as coisas (...). A gente não pode ficar a vida inteira esperando a vontade de um burocrata que está com a bunda em uma cadeira, com ar-condicionado, sentado, sem se preocupar como é que o povo está vivendo", alfinetou Lula, quase aos gritos.

No caso do conjunto Nova Naval, a demora chegou a dois anos, segundo os moradores locais, que obtiveram a informação junto à Prefeitura.

O presidente ressaltou que ainda mantém postura de chefe da Nação, mas quando deixar o Palácio do Planalto poderá desferir pronunciamentos ainda mais ácidos. "Eu sei que a gente é governo, a gente tem que ter diplomacia, a gente tem que ter um linguajar adequado, mas eu já estou quase deixando de ser presidente e vou voltar a falar do jeito que eu sempre falei neste País", ameaçou.

O governo estadual observou, por nota, que adotou série de procedimentos para agilizar as concessões de licenças e concluiu: "Dessa forma, acreditamos que o presidente Lula não se referiu ao governo de São Paulo quando comentou as dificuldades para a obtenção de licenças ambientais. As eventuais pendências podem estar a cargo do Ibama ou dos órgãos municipais de licenciamento".

Presidente tem ‘prazer' em se sujar de petróleo

O presidente Lula afirmou que teve "prazer de sujar a mão" no petróleo do pré-sal, retirado da bacia do Espírito Santo na quinta-feira. "Peguei o helicóptero, andei 40 minutos dentro do mar e fui numa plataforma da Petrobras. E tive o prazer de colocar a mão no petróleo que estava há 160 milhões de anos embaixo da terra. Nós fomos lá buscá-lo, buscar o petróleo do pré-sal para que a gente possa resolver o problema deste País."

Lula disse que limpou a mão no macacão que usava, vestimenta que vai guardar em museu. "Sei lá em que museu... para todos vocês, um dia, poderem passar e ver um petróleo tirado por este País, de 160 milhões de anos."

O presidente ressaltou que os recursos provenientes dos impostos gerados pela exploração do petróleo "não vai ser utilizado para gastança". O dinheiro terá seis finalidades, pontuadas pelo petista durante o discurso: pobreza, Educação, Ciência e Tecnologia, Saúde, Meio Ambiente e Cultura.

Lula disse que ficou "arretado" quando leu em jornal notícia de que a Europa não está mais procurando petróleo em mar por causa do óleo que está vazando nos Estados Unidos. "E o Brasil continua procurando", salientou, para em seguida destacar: "É bom a gente dizer a verdade: a Europa não está procurando, porque no Mar do Norte já não tem mais petróleo. Segundo, nós temos mais tecnologia do que aquela empresa inglesa (British Petroleum) que causou o vazamento nos Estados Unidos".

O petista firmou ainda que a catástrofe ambiental pelo vazamento de milhões de litros de óleo no Golfo do México foi ocasionada "porque ela adotou uma coisa que nós aprendemos". "O barato sai caro."

EMPREGO - Lula frisou ainda que, com o desenvolvimento atual do Brasil, no segundo semestre deste ano serão gerados 1 milhão de empregos formais. Segundo o presidente, nos primeiros seis meses de 2010, foram criados 1,46 milhão de postos de trabalho. "Enquanto o chamado mundo desenvolvido perdeu 16 milhões", enfatizou, ao relacionar a crise econômica que abateu principalmente os Estados Unidos e a Europa.




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