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Banho de história
Heloísa Cestari
Enviada à Hungria
21/07/2011 | 07:21
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Divulgação


Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os húngaros perderam sua única saída para o mar - hoje pertencente à Eslovênia -, o que faz soar menos absurdo o fato de o país manter até hoje uma Marinha. Mas nem por isso eles ficam sem dar um mergulho. Na ausência de praias, as mais de 1.000 fontes termais e cerca de 50 serviços de banho quebram um bom galho, além de proporcionar uma imersão na história do país.

Alguns dos banhos turcos foram instalados pelos próprios otomanos e ainda ostentam afrescos da época da ocupação, em 1526. Um dos mais concorridos é o Szécsényi, no parque Liget. O prédio principal do balneário foi construído em 1913 e é o maior do gênero na Europa. Lá, os aficionados por xadrez - uma das paixões nacionais - disputam partidas debaixo d'água, sobre tabuleiros flutuantes de cortiça. Dá até para imaginar a famosa enxadrista Judit Polgar dando um xeque-mate no adversário de maiô.

Há piscinas para todos os gostos: desde as que ficam ao ar livre, com correnteza e pequenas cascatas que fazem a festa de crianças e velhinhos em dias ensolarados, até tanques cobertos com temperaturas que parecem beirar o ponto de fervura. Mesmo quem não sofre de pressão baixa deve evitar de passar mais do que alguns minutos ali. O corpo fica molinho, molinho...

Mais relaxante que isso só mesmo as disputadas massagens com hora marcada e óleos essenciais. Mas não pense que você tomará um chazinho e entrará em nirvana enquanto sente suas vértebras estalarem ao som de um mantra new age. Lá o ritmo é de produção em massa. Você receberá uma toalha rasgada e aguardará na fila até ser chamada por um brutamontes que a conduzirá a uma das várias cabines apertadas dispostas lado a lado.

Como ninguém lá entende português e você provavelmente não domina o húngaro, esqueça os cumprimentos preliminares. Sem qualquer cerimônia nem tempo a perder, o profissional estalará os dedos, arrancará a parte de cima do seu biquíni e a atirará sobre um colchãozinho ainda lambuzado com a mistura de suor e óleo da sessão anterior.

Se você espera algo mais intimista, prefira as Termas Gellért, pertencentes ao hotel homônimo. A construção data de 1913, mas suas águas medicinais são utilizadas pela população há pelo menos 1.000 anos. Além da grande piscina unissex, há alas separadas para homens e mulheres, com sauna e duchas quentes.

Frequentadas por turistas, executivos em horário de almoço e senhoras preocupadas com o penteado, as piscinas são muito bem ambientadas por colunas greco-romanas, mosaicos marchetados de ouro e teto art nouveau. Definitivamente, um banho de história.




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