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Duas vezes Davi Moraes em Santo André
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
13/11/2004 | 13:56
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O Orixá Mutante de Davi Moraes está em Santo André. E seus encontros com o público da região estão marcados para sábado, às 21h, e domingo, às 19h, no Sesc Santo André. Estes serão os primeiros shows do cantor, compositor e instrumentista com seu trabalho solo no Grande ABC. Como convidada, recebe Preta Gil, filha de Gilberto Gil.

Filho de Moraes Moreira, Davi Moraes já esteve em outras ocasiões na cidade, acompanhando o pai nos palcos. “Estive aí em 1990 e 1995. Foi num local aberto, grande, e tinha gente pra caramba. Foi superlegal”, diz. Com essa lembrança em mente e as boas referências que teve do Sesc andreense, Davi se diz animado com os shows agendados. E promete muita animação: “É um show pra galera dançar”. avisa.

Além de mostrar as músicas de seus dois discos, Papo Macaco (2002) e Orixá Mutante (2004), Davi Moraes fará algumas releituras, como a de Dê um Rolê, dos Novos Baianos (grupo do qual seu pai fez parte). “Vamos apresentá-la pela primeira vez”, diz. “Também tocaremos Dia de Festa, do Jorge Ben Jor, que Elza Soares regravou maravilhosamente”. Preta Gil participará – ao menos neste sábado – cantando seu hit Andaraí.

Do repertório próprio, algumas músicas merecem destaque: “As pessoas sempre pedem Na Mata, uma parceria minha com Arnaldo Antunes gravada no primeiro disco. É uma música que marcou o meu começo”, diz. A outra é Café com Pão, que toca nas rádios e tem um clipe em veiculação. “Ela foi feita por Jau Peri, um compositor de Salvador, muito bom”.

Davi Moraes também não poupa elogios à banda que o apóia nesta passagem por Santo André, aos quais se refere sempre com adjetivos como “excelente” e “muito bom”. “Tem o Betão e o Gil, respectivamente no baixo e na bateria. Eles são amigos de infância, filhos do Paulinho Boca de Cantor (também dos Novos Baianos). Comecei a tocar com o Gil, mais tarde veio o Betão”, diz.

O percussionista Orlando Costa tocou com Davi na banda de Marisa Monte, durante a turnê de Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-Rosa e Carvão. O tecladista Cláudio Andrade foi emprestado da banda de Gil e a eles juntou-se o percussionista Nelson Batista.

Davi começou a tocar cavaquinho aos 5 anos. Aos 8, já subia no palco junto com o pai para executar Brasileirinho e Delicado. Mas a guitarra foi paixão definitiva. Antes mesmo de Davi se deixar levar por outro amor, o futebol. “Quando era bem pequeno queria ser jogador do Flamengo, que tinha um timaço, com Zico, Junior e outros. Mas descobri que tinha talento com a mão e não com o pé (risos)”.

Definir o som de Davi Moraes não é tarefa das mais simples. Uma mistura de funk com rock, reggae, pop, música baiana e carnaval. “Todos os meus mestres estão lá, suas influências se misturam nos arranjos”. Por mestres, leia-se nomes como Pepeu Gomes – que ensinou muito do que sabia e que lhe deu o norte da música pop – e Arto Lindsay, que lhe abriu as portas ao mostrar as múltiplas possibilidades de sons e ruídos produzidos com guitarra.

Seu som é, sobretudo, intuitivo e pessoal. Resultado da forma como aprendeu a lidar com a música já que o pai jamais tentou ensinar-lhe o “jeito certo” de tocar guitarra, deixando para o menino a missão de descobrir seu próprio estilo.

“Trabalho muito com a intuição, até porque sou autodidata. Minha maior escola é tocar de ouvido. Desde criança convivo muito com a música. Via a galera em casa compondo, trabalhando horas e horas numa criação. Hoje, quando componho, programo primeiro uma levada da bateria, depois coloco a guitarra, a melodia e, por último, a letra”.

A guitarra de Davi privilegia o ritmo, e muitas vezes soa percussiva. Aliás, é forte essa ligação de Davi com a percussão, que por sua vez remete ao universo do candomblé, tão explícito nos dois discos de Davi. “Não sou de nenhuma religião, mas tenho admiração pelos orixás. Tenho santos em casa, acredito neles. Orixás são como anjos da guarda. E essa é também influência de meu pai, ele e eu somos de Oxóssi, por isso compusemos Papai Oxóssi. Fora isso, o candomblé é muito rico, bonito, tanto na estética visual quanto na música, com aquela percussão toda, que me atrai muito”.




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