Os protestos deste domingo foram convocados para mais de 200 cidades do País. O alvo prioritário são o PT, Dilma e seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Com a definição de ontem entre a Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua, os principais articuladores das manifestações decidiram oficialmente poupar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado pela Operação Lava Jato por suspeita de ter cobrado propina do esquema de corrupção na Petrobrás.
"A questão do Eduardo Cunha não é central para nós. Ele não é o foco, mas vamos pressioná-lo pela admissibilidade dos pedidos de impeachment que estão na Câmara", disse Carla Zambelli, porta-voz da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, frente que reúne dezenas de grupos anti-Dilma. Como presidente da Câmara, Cunha é quem decide se aceita ou não pedido de impeachment.
Por sua vez, os movimentos anti-Dilma já adotaram como alvo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se reaproximou do Planalto. Na noite de quarta-feira, integrantes do MBL fizeram um ato de protesto na frente da residência oficial do peemedebista.
Os grupos discordam, porém, sobre o tratamento a ser dado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, responsável por investigar autoridades com foro no Supremo Tribunal Federal, como os alvos da Lava Jato. "A lentidão do Janot no processo chama a atenção, mas não existe indicação de que ele esteja obstruindo a investigação", afirmou Rogério Chequer, do Vem Pra Rua.
?Às armas?
Grupos pró-PT têm adotado o discurso da defesa da democracia para rechaçar movimentos pelo impeachment. Mas ontem, em solenidade no Palácio do Planalto, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas, afirmou que os movimentos sociais serão o "exército" que vai "enfrentar essa burguesia".
"Recado para os golpistas: nós somos trabalhadores, trabalhamos pela democracia", discursou o sindicalista. "O que se vende é a intolerância, o preconceito de classe contra nós. Somos defensores da unidade nacional. Isso implica ir para a rua entrincheirados de armas na mão, se deitar e lutar se tentarem tirar a presidente."
Os presentes responderam com gritos de "Não vai ter golpe". Dilma ouviu as manifestações, mas não comentou o discurso de Freitas. Em entrevista após a cerimônia, o ministro Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) tampouco respondeu ao ser questionado sobre o assunto e limitou-se a dizer que o "governo não trabalha com a hipótese de impeachment". "O governo trabalha com um ambiente de mais estabilidade, mais diálogo, especialmente com nossa base." (Pedro Venceslau e Lisandra Paraguassu)
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