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Dois contos sobre desconhecidos
Por Karen Amaral de Oliveira
21/02/2010 | 07:03
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Ilustre desconhecido

Caminhava. Sei disso. Não sei por que e não me interesso em sabê-lo. Mas eu sei que caminhava. Não era exuberante. Não mesmo. Era tão comum que me pego pensando que fui a única a prestar-lhe a devida atenção naquele instante.

A camiseta vermelha sem estampas, a calça jeans comum, a mochila azul berrante... Enfim, tudo nele era tão comum! Por que lhe prestei atenção? Ora, por que não prestaria? Ele era simplesmente uma pessoa no mundo, e eu sempre gostei de observar as pessoas.

Talvez o que mais me chamou a atenção foi o fato de, mesmo naquele sol escaldante de 1 hora da tarde, ele caminhava com vigor e força. Como se aquele sol não estivesse queimando sua pele.

Eu sei que ele não era nada mais que um homem caminhando em cima de um viaduto. Eu sei que eu nunca saberei seu nome (mesmo que eu não me importe com isso; nomes são nomes e eu posso dar um novo a ele).

Entretanto, o fato de saber que, enquanto ele fez o seu caminho na minha frente, pude dar-lhe a atenção de uma celebridade, deixa-me contente. Afinal, ele era ilustre. Um ilustre desconhecido.

Devaneios de uma alma

Fumou um cigarro, enquanto observava o trânsito de pessoas. Estava frio e ventava. O céu estava azul. Um azul calmo, tranquilo. Tranquilo até demais.

Caminhou sem rumo, sem saber onde seus pés o levavam. Talvez estivesse perdido em si mesmo. Ouviu vozes e risos infantis. Seguiu mesmo sem compreender o porquê. Talvez necessitasse de mais vida.

Encontrou um parque e, nele, um menino de aproximadamente 7 anos e uma garota que aparentava ter 15. Suspirou. Ele e a menina deveriam ter a mesma idade. Apalpou os bolsos em busca de seu isqueiro. O tabaco estava sendo necessário.

Lembrou-se de quando tinha a idade do garoto. Quando roubava uvas da parreira do vizinho. Quando era inocente. Seus pés vacilaram, enquanto se dirigia a eles. Não queria que a sua presença os sujassem. Ou era o que ele julgava.

Foi nesse vacilo que ele se foi. Um carro desgovernado o atingiu em cheio. Ele foi pensando que era sujo. Mas não era.

Perfil - Falar de si mesma é difícil. Sou uma garota comum de 17 anos, com medos e sonhos. Sou um pouco de tudo. Estou naquela fase de descobrir o que farei da minha vida. Enquanto não descubro, escrevo. Pretendo fazer faculdade de Letras e/ou História. Adoro ler. Escrever é um verdadeiro vício. Sou fã de diversas séries literárias, com predileção por Jane Austen. Karen Amaral de Oliveira, 17 anos, de Mauá

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