Sabino só deixou a cadeia na tarde desta quinta-feira. Ele evitou a imprensa tanto quanto pôde. Suas únicas declarações públicas foram dadas no camburão da polícia que o levou para casa. "Só tenho de agradecer ao Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) e ao doutor Eduardo", afirmou, numa referência ao delegado Carlos Eduardo de Carvalho – que o levou de volta para casa.
Longe dos policiais, entretanto, o discurso mudou bastante. Sabino disse ao irmão, Valdomiro, e a amigos que foi obrigado a assumir autoria do assassinato. O garçom disse que, após ser preso, foi levado a um matagal e agredido a tapas e coronhadas. Segundo o irmão, Sabino não pode reconhecer o local em que foi agredido ou os autores das ameaças porque estava encapuzado. "Ele acha que foi na Estrada da Gruta ou no local chamado Campo de Santo Antonio, pois havia mata", contou Valdomiro.
Durante a suposta sessão de tortura, os policiais teriam recebido uma comunicação pelo rádio pedindo que fosse apressado o "aperto", pois a mãe do acusado estava na delegacia. Só depois disso, e de ter negado insistentemente a participação no crime, o garçom foi levado para o 3º Distrito Policial e advertido para que não "abrisse o bico".
Valdomiro confirmou que a família pretende processar o Estado para exigir indenização. Os amigos disseram que o rapaz pretende trocar uma entrevista sobre o que passou na prisão pelo pagamento do advogado que cuidará o processo.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse que o Estado pagará a indenização se for condenado a fazê-lo. Mas ressaltou que a polícia cumpriu sua missão ao prender Sabino. "Imagine que alguém faça um denúncia e o Estado não tome nenhuma providência? Aí, esse alguém foge e o Estado se omitiu", alegou. "E não é a polícia que solta. É a Justiça. Era o juiz quem devia liberá-lo. O pedido de liberação foi enviado para o Judiciário na quarta-feira."
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