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Sargento é fuzilado em falsa blitz no Rio
Do Diário do Grande ABC
28/10/1999 | 16:50
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Quatro homens foram carbonizados em um confronto entre supostos traficantes no Morro Sao Joao, no Engenho Novo, zona norte do Rio, numa madrugada marcada pela violência no Estado. Em Sampaio, bairro vizinho, oito desconhecidos fuzilaram o sargento reformado da Polícia Militar Dalton de Almeida, de 57 anos, que se recusou a para numa falsa blitz, no Viaduto Ana Nery. A quadrilha já havia roubado cinco carros. Um comerciante foi baleado e o professor de Educaçao Física, José Carlos Leite, de 43 anos, seqüestrado por três homens que se identificaram como policiais civis, em Niterói, no Grande Rio.

Os corpos carbonizados foram encontrados por moradores próximo a um cruzeiro, no alto do morro. Segundo parentes de duas das vítimas, os irmaos Luciano e Cristiano Gonçalves Castro de 21 e 19 anos, eles estavam envolvidos com o tráfico de drogas local, controlado pelo Comando Vermelho. Os outros dois corpos nao puderam ser identificados porque estavam muito queimados. Já o sargento Almeida passava pelo viaduto Ana Nery, em Sampaio, quando oito homens armados com fuzis fizeram sinal para que ele parasse. O sargento tentou furar o bloqueio, mas foi fuzilado. Ele morreu com cerca de dez tiros. A quadrilha já havia roubado cinco carros desde o fim da noite. A polícia nao sabe a origem dos criminosos.

Delegado - O professor de Educaçao Física José Carlos Leite, de 43 anos, foi espancado na frente da mae e do filho de quatro anos, por três homens que se diziam policiais civis e invadiram a sua casa, no bairro de Piratininga, em Niterói. O crime foi atribuído a uma dívida por acidente de trânsito, que Leite vinha cobrando insistentemente de um homem que se identificou como delegado Jesus. A mae de Leite, Eunice, contou que o filho foi tirado da cama por volta das seis horas da manha por homens com armas "tipo fuzil". Ele foi espancado na sala de casa.

Segundo ele, um homem gordo, que dava ordens aos outros dois, perguntou se o professor conhecia o delegado Jesus. Ao reconhecer a voz, Leite teria se indignado: "Tudo isso por um acidente de trânsito?". O professor tentou fugir, pulou dois muros, mas foi alcançado. Eunice viu quando o homem que se identificou como delegado ordenou que o filho fosse colocado em um carro e levado. O delegado da 81ª Delegacia de Polícia, Luiz Carlos Sarmet, acredita que os criminosos fossem policiais. "Essa foi uma açao de polícia, se fossem bandidos teriam matado a mae e o filho do professor ali mesmo", afirmou. Sarmet foi um dos chefes da corregedoria da Polícia Civil, no governo passado.

Comerciante - O dono do tradicional bar de Niterói "Caneco Gelado do Mário", Mário Martins, de 57 anos, foi baleado na madrugada de nesta quinta-feira, quando chegava a sua casa. Ele foi rendido por dois homens armados, reagiu e acabou atingido nas maos e na perna. A mulher de Martins, Sueli, abria o portao da casa para o marido e viu a cena. "Tive sorte de nao ser baleada também". Martins foi atendido no Hospital Universitário Antônio Pedro e seu estado de saúde é estável.

Depois de balear o comerciante, os assaltantes fugiram. "Acho que eles sabiam quem era o Mário e a hora em que ele costuma chegar, porque estavam parados em frente à casa da vizinha", disse Sueli. O "Caneco Gelado do Mário", que funciona há 30 anos em Niterói, ficou fechado nesta quinta-feira.




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