Na última hora, o candidato à Prefeitura de Diadema pelo PSDB, José Augusto da Silva Ramos, não compareceu ao debate organizado pela Rádio Bandeirantes, quarta-feira à tarde. A ausência abriu espaço para o candidato à reeleição, José de Filippi Júnior (PT), já que foi entrevistado durante 40 minutos, divididos em dois blocos. Essa foi a terceira tentativa da rádio de reunir os dois adversários neste mês, mas todas foram frustradas pelo tucano, sempre sob o mesmo pretexto de compromissos emergenciais na agenda. Mais tarde, Filippi mencionou essa falta em um discurso no bairro Serraria. "Foi o quinto debate que o nosso adversário não apareceu. Ele não foi em nenhum debate de rádio, de televisão e de jornais. Eu lamento. Eu estive lá, honrando os votos que recebi no primeiro turno."

Munido de tabelas, números e recortes de jornal, Filippi explanou as propostas para saúde, como a ampliação do quadro de médicos e do atendimento das UBSs (Unidades Básicas de Saúde), pontos atacados por José Augusto desde o começo da campanha. E já emendou uma crítica ao governo do Estado quanto aos repasses nessa área. "A Prefeitura investiu neste ano 31% do Orçamento em saúde, enquanto o governo do Estado tinha previsto 15% para o SUS e repassou apenas 9%", destacou o petista. "Vivemos numa situação melhor agora, o Fernando Henrique Cardoso não repassava os recursos necessários e o Lula já liberou esses recursos."

A Lei Seca, que determina o fechamento dos bares a partir das 23h, também foi explorada durante a entrevista. Filippi destacou a redução do número de homicídios na cidade como fator positivo da lei. "Agora em outubro tivemos apenas seis homicídios, mas antes (da lei) eram 30 por mês", afirmou.

Dois ouvintes de Diadema enviaram perguntas para o petista, por e-mail. Uma estudante questionou a ausência de bolsas de estudo municipais para universitários. Filippi afirmou que não poderia atender a reivindicação, já que Orçamento municipal deve atender à educação básica. "Mas teremos a Universidade Federal do ABC, estamos lutando para ter um centro em Diadema", prometeu.

O outro ouvinte questionou o pouco investimento nos esportes da cidade, fato reconhecido pelo petista. Ao responder à cobrança, Filippi garantiu que há necessidade de buscar parcerias para melhorar o setor.

Já no campo dos impostos e das dívidas públicas, Filippi garantiu que não houve aumentos da carga tributária sobre uma parcela dos contribuintes, mas a ampliação da base de arrecadação, ou seja, mais gente está pagando impostos em Diadema. O Orçamento estimado para 2005 é de R$ 370 milhões. "Fizemos a ampliação da base de arrecadação quanto ao ISS (Imposto Sobre Serviços) e estudos para equilibrar o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano). Temos áreas onde este imposto estava muito abaixo do valor venal, mas em outros, como em área de mananciais, o valor venal estava maior que o de mercado", explicou. E garantiu que esse imposto terá, no ano que vem, apenas o reajuste de 6%, para compensar a inflação.

Além da arrecadação própria, Filippi destacou os recursos federais recebidos até agora como fator de equilíbrio das contas da cidade. "Espero entregar a Prefeitura melhor do que encontrei."

Sobre as dívidas do município, o prefeito licenciado se queixou das "amarras" criadas pelas leis federais - como a Emenda Constituicional 30, que obriga o Executivo a destinar uma parte do Orçamento para o pagamento das dívidas, e a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). "Tenho até uma proposta para que o Senado faça uma adaptação da EC 30, para que se estabeleça um novo escalonamento do pagamento de precatórios", afirmou.

Votos - Depois da entrevista na Bandeirantes, Filippi cumpriu a agenda de candidato em busca de votos - foi na porta da central de operações da Saned (Companhia de Saneamento de Diadema) no Serraria num caminhão de som para conversar com os funcionários. Em seguida, estacionou no largo do Serraria e, acompanhado pelo presidente nacional do PT, José Genoino, e o ex-prefeito Gilson Menezes (PL) percorreu o comércio.