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Saramago lança novo livro na Colômbia e fala de Fidel e Chávez
Da AFP
15/07/2007 | 14:55
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O escritor português José Saramago, Nobel de Literatura 1998, não acredita que Cuba tenha alcançado o comunismo, apesar de achar que Fidel Castro, sim, é comunista.

Em uma entrevista divulgada neste domingo pelo jornal El Tiempo de Bogotá, Saramago, que visita a Colômbia para lançar seu novo livro, acredita, no entanto, que Cuba "avançou muito em relação ao comunismo".

Depois de assinalar que "ser comunista é um estado de espírito", Saramago afirma que, em seus 80 anos, se sente mais comunista do que nunca. "Eu não diria que Cuba chegou ao comunismo, apesar de ter se adiantado muito nessa direção. Não sabemos direito como se manifestará um comunismo real na prática, nem sabemos até onde pode chegar".

"Em Cuba há uma visão muito clara do que poderá ser", acrescentou, ressaltando que, apesar de o país estar mais próximo da compreensão do ideal comunista, isso não quer dizer que tenha chegado a ele.

Quanto a Hugo Chávez, Saramago disse que o presidente venezuelano tem uma "arma poderosíssima" que é o petróleo, e que "ama seu povo". Também disse não achar que o presidente Chávez seja um problema, como alguns países da região, especialmente os Estados Unidos, acreditam.

Mas, há alguns dias, Saramago alertou a imprensa colombiana para uma "tentação autoritária" observada em setores de esquerda que chegaram ao poder na América Latina.

Saramago concedeu uma entrevista coletiva em Bogotá, cidade designada como a capital mundial do livro pela Unesco e onde o escritor português participa de uma conferência sobre o uso do livro como instrumento da paz.

O escritor disse que a esquerda "sofre uma espécie de tentação maligna que é a fragmentação" ao responder a uma pergunta do jornal El Tiempo sobre o ressurgimento de governos desta tendência na América Latina; deu a entender que mantinha suas reservas.

"Há uma tendência autoritária em muitos países. Nada restou dos ideais", afirmou o prêmio Nobel, que também adotou um tom crítico com relação aos grupos armados que atuam na Colômbia, incluindo as guerrilhas de esquerda.

"Há desaparecidos, seqüestrados, paramilitares e guerrilheiros que, no começo, suponho que tivessem vontade de mudar algo, mas se tornaram seqüestradores e narcotraficantes, e o pior é que eles já não saberiam viver de outra forma", lamentou.

O escritor octogenário também advertiu para o ressurgimento do fascismo no velho continente. "Na Europa estamos assistindo ao ressurgir da direita, à presença da extrema direita com insígnias fascistas", alertou ele.

Deixou claro, no entanto, que continua sendo comunista, "embora as coisas não sejam tão puras como imaginei".

"Não vejo nada mais estúpido do que a esquerda", acrescentou o escritor, "uns enfrentam os outros, por grupos, por partidos, por opções".




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