Pelo quarto mês consecutivo, o Indicador Serasa Experian de Perspectiva do Crédito ao Consumidor recuou e, desta vez, a volta foi de 0,9%. O resultado aponta que haverá desaceleração na oferta de crédito à pessoa física em 2010. E, como consequência possível, a elevação do custo dos empréstimos, que são as taxas de juros.

Para o gerente de indicadores de mercado da Serasa, Luiz Rabi, boa parte da diminuição do crédito neste ano pode acontecer pela mudança que o BC (Banco Central do Brasil) fez quanto aos depósitos compulsórios. Agora, a alíquota que a autarquia monetária estipulou para o mecanismo aumentou para 15%.

Portanto, o BC poupará, obrigatoriamente, o percentual de todos os depósitos feitos nos bancos para garantir eventuais proteções no caso de turbulências futuras no setor bancário.

Assim, para Rabi, as instituições financeiras terão menos recursos em caixa para ofertar como crédito aos consumidores.

"Temos que levar em consideração que as medidas anti-crise também estão em fase final e isso afetará a demanda por crédito", lembrou Rabi sobre as reduções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para bens duráveis.

Outro ponto que contribui para a expectativa de diminuição de empréstimos é o endividamento das pessoas. "No ano passado, tudo indica que, com maior consumo, houve aumento das dívidas das famílias. Com isso se espera que elas demandem menos empréstimos neste ano", explica.

Ele acrescenta que o aumento das taxas de juros no mercado futuro, que balizam os custos do crédito, haverá menos demanda e oferta de crédito, refletindo em maiores juros nos empréstimos.

"Essas medidas vão fazer com que a economia cresça lentamente, principalmente, para evitar que a inflação aumente demais", completa o especialista, que acredita ser uma saída normal do cenário de crise.