Há duas semanas, os moços e moças da foto constroem memória ao som de Villa-Lobos, Verdi, Luiz Gonzaga, Chaplin, Beach Boys, Celi Campelo, Roberto Carlos, Alceu Valença, Chico Buarque, Elis Regina e a música eletrônica de Street Dance. É a juventude de São Bernardo e Grande ABC que se encontra numa escola municipal de arte que funciona no prédio de antiga igreja evangélica no fim da Rua Dr. Flaquer. Eles vão se apresentar na atividade ‘Muitos povos, uma cidade', que São Bernardo realizará nos dias 2, 3 e 4 de setembro no Pavilhão Vera Cruz.

Assistimos o último ensaio, a convite do professor Victor Arroyo, da Prefeitura. Nos surpreendemos. Como é que em nosso quintal existem dançarinos tão expressivos e talentosos, e tão pouco divulgados. A mais pura demonstração de que história e memória podem acontecer da expressão corporal.

O número leva 20 minutos. Faz um passeio pela Vila de São Bernardo, do índio, do português, do negro escravo, do migrante e do imigrante. Em instantes percorre o roteiro entre o Porto de Santos e o planalto, como carroceiros e tropeiros sob as bênçãos de Nossa Senhora da Boa Viagem.

De repente, a miscigenação de italianos, japoneses, espanhóis, o cultivo da terra, a exploração da madeira, o desenvolvimento da agricultura, sob os acordes do Trenzinho do Caipira.

Pano rápido e estamos no Festival de Cannes assistindo à apresentação de O Cangaceiro, filme premiado da Vera Cruz. Voltamos à Vila para ver a passagem da Via Anchieta, a formação do parque automobilístico, o Fusca seguindo pela Serra do Mar em direção ao piquenique nas praias ao lado de Charles Chaplin e cantando Banho de Lua.

Há espaço para um café no Bar Expresso, uma dança na Sociedade Italiana, uma aula na ETI, uma assembleia de metalúrgicos na Vila Euclides ao som de Roda Viva. Uma partida de bilhar e uma porção de frango, polenta, vinho e salada de agrião. Descobrimos o povoado coberto de verde com seus campos, rios, geografia atlântica. E acordamos com o grito de gol do Brasil hexacampeão embalado na música que vem do eletrônico.

Guardem os nomes. Esses meninos, essas meninas, farão história. A apresentação oficial será dia 3 de setembro, um sábado, no fim da tarde, início da noite, no coração da Vera Cruz, em pleno Jardim do Mar 

INTEGRARTE
A dança como veículo de comunicação e integração. Grupo formado por bailarinos surdos e bailarinos ouvintes. Um programa da Associação Santo Inácio para Integração do Trabalhador Especial, mantida pela Prefeitura, via secretarias de Educação e de Cultura. 

AMANHÃ NA SEMANA SÃO BERNARDO
A Chácara Silvestre reabre e mantém as árvores originais.

Fausto Polesi

Um modelo de redação adotado no início do News Seller foi o jornal Shopping News, editado em São Paulo. De distribuição gratuita, o jornal divulgava assuntos relativos ao lar, à mulher, à saúde, à moda, à arte-culinária.

Fonte: entrevista gravada em 27-4-1988.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Quarta-feira, 26 de agosto de 1981 

Manchete - Assistência médica será reduzida para salvar Previdência

Grande ABC - Crescem as favelas em Santo André, São Bernardo e São Caetano, reflexo do desemprego. A repórter Cida Flosi Barbosa aponta o crescimento no número de ações de despejo nas três cidades.

Educação - Sesi anuncia o fechamento de duas escolas, no Jardim Flórida (São Bernardo) e em Diadema.

EM 26 DE AGOSTO DE... 

1946 - Jorge Ferreira Mendes planta um pé de tamburi ao lado da capela de Nossa Senhora de Fátima, em Piraporinha, hoje capela da indústria White Martins. 

1956 - Fundada a Casa das Bênçãos, na Vila Curuçá, em Santo André.

Trabalhadores

Nascem em 26 de agosto: 

1921 - Orlando Basseto, natural de Botucatu. Operário da Rhodia. Residia no Parque Novo Oratório.

1928 - Luigi Continelli, da Itália. Operário da IRFM. Residia na Vila Bela.

Fonte: 1º livro geral de registro de associados do Sindicato dos Químicos do ABC.

HOJE 

Dia da Igualdade Feminina

SANTOS DO DIA 

Cesário, Irineu, Isabel Richier, Joana Isabel, Micaela do Santíssimo Sacramento e Zeferino.

Santo Zeferino foi papa entre os anos 199 e 217. Martirizado junto com o bispo Santo Irineu e sepultado numa capela nas catacumbas que mandou construir em Roma.

Fontes: Folhinha do Sagrado Coração de Jesus, Vozes, 2011; site: www.paulinas.org.br .

FALECIMENTOS 

SANTO ANDRÉ

Marcos Fernando da Silva, 42. Natural de Timbauba (BA). Dia 23, em São Bernardo. Cemitério Curuçá. 

SÃO BERNARDO

Miguel Spadari, 98. Natural de Ribeirão Preto (SP). Dia 23. Cemitério São Pedro, Vila Alpina, Capital.

Fernando Prado, 96. Natural de São Paulo (SP). Dia 23. Crematório de Vila Alpina, Capital.

Eugenio de Mello Filho, 87. Natural de Barra Alegre (RJ). Dia 22. Cemitério Jardim da Colina.

José Correa, 78. Natural de Gavião Peixoto (SP). Dia 22. Cemitério da Paulicéia.

Justino Belo Feitosa, 74. Natural de Várzea Alegre (CE). Dia 23. Cemitério dos Casa.

Edmir Santo Luchesi, 69. Natural de São Bernardo. Dia 23. Cemitério de Vila Euclides.

Joselina Alves da Silva, 65. Natural de Tucano (BA). Dia 22. Cemitério de Poço Redondo (BA).

Antonio José Dalla Valle, 60. Natural do Ipiranga (SP). Dia 22. Cemitério dos Casa.

Helena Terezinha Sucigan, 59. Natural de São Bernardo. Dia 23. Cemitério de Vila Euclides.

Carlos Alberto Eustaquio Ribeiro, 58. Natural de Belo Horizonte (MG). Dia 23. Cemitério de Campo Mourão (PR).

Vera Lucia Meireles Carrião, 55. Natural de Santo André. Dia 23. Cemitério Jardim da Colina.

Sidenei dos Santos, 52. Natural de São Bernardo. Dia 22. Cemitério dos Casa.

José Leandro Pereira Mendonça, 44. Natural de São João Batista (MA). Dia 22. Cemitério dos Casa. 

DIADEMA

José Milton dos Santos Silva, 53. Natural de Resende (RJ). Dia 23. Cemitério Vale da Paz.

JOSEFA SANTANA (Dona Nina)
(São José da Laje, AL, 28-8-1909 - São Bernardo 18-8-2011) 

São Caetano, 1949. A família Santana alugou uma pequena casa e no dia seguinte o pai Sebastião e os filhos mais velhos começaram a trabalhar na Matarazzo. Josefa, a dona Nina, de porta em porta, procurava emprego. O delegado a contratou. Homem bom. Ajudou dona Josefa a fazer as certidões de nascimento dos filhos. Ela tinha as informações dos nascimentos anotadas em um caderninho e com essas informações e ajuda do delegado os registrou no cartório de São Caetano.

Já com os filhos criados e crescidos, com 48 anos, Josefa descobriu estar grávida, eis que nasceu o xodó dela, Antonio Paulo, nome em homenagem ao pai.

Dona Josefa ficou viúva em 1978. Não casou mais. Seguiu a vida com bom humor, sempre muito verdadeira. Dizia tudo o que pensava, sem rodeios. Quando via um enterro costumava dizer: "Vai com Deus e fique muito tempo sem nós".

Nos últimos três anos Dona Nina morou em São Bernardo, com a filha Antonia (Tia Toninha) e os netos Jane, Janete e Vagner.

Toninha partiu no último Natal. Seus filhos continuaram a cuidar de Dona Nina, que parte agora - faltavam dez dias para completar 102 anos. Deixa sete filhos, 24 netos, 31 bisnetos e três tataranetos. Está sepultada no Cemitério dos Casa.

Texto: Roberto Fratta, neto