Diarinho Titulo Mundo animal
Brincando de se esconder

Camuflagem é a forma de se confundir com o ambiente;
muitos animais fazem isso para se proteger e se alimentar

Caroline Ropero
Especial para o Diário
13/11/2011 | 07:05
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A roupa que os soldados usam, com estampas que lembram folhas, não tem esta característica só porque é bonito ou está na moda. É para que possam se misturar à vegetação e passar despercebidos pelo inimigo. A forma de se confundir com o ambiente chama-se camuflagem. Muitos animais também fazem isso. É um meio que encontraram para se proteger e conseguir alimento.

O campeão de camuflagem é o camaleão, que muda de cor para confundir o predador. A coloração da pele se altera por influência do lugar onde vive, de acordo com seu humor ou por sensações como fome ou medo. Ele tem células com pigmento que absorvem a luz refletida e a temperatura do local, deixando-o da mesma cor. Assim, se vive na floresta fica verde, se vive entre as rochas, cinza.

A lagartixa também tem essa característica. Sua pele pode ficar mais clara ou escura, de acordo com o ambiente. Isso ocorre por causa de pigmentos que tem nas células. Outro animal capaz de se esconder é a rã-folha (Proceratophrys boiei). Vive no sudeste do Brasil e se camufla no chão da floresta. Seu corpo é amarronzado e parece folha seca, para não ser vista entre a lama e os troncos de árvore onde costuma viver.

O bicho-pau também é muito esperto. Seu corpo é parecido com graveto e fica imóvel quando ameaçado. Isso faz com que se misture ao ambiente e confunda quem o olha, assim como o peixe-folha. Seu corpo é colorido e, como o nome diz, igual a uma folha seca. Vive no rio e quando o predador está por perto, vira de lado e se finge de morto para completar o disfarce.

MIMETISMO - O mimetismo é outra forma de confundir o inimigo por meio da imitação. Ocorre quando um animal fica igual ou com estrutura semelhante a de outro ser vivo, como a cobra coral falsa. Seu corpo é parecido com o da legítima coral. As duas têm listras pretas, vermelhas e brancas. Entretanto, o veneno da verdadeira é muito forte e seus dentes ficam na parte da frente da boca, enquanto na outra ficam na parte de trás. A falsa tem veneno, mas não é tão perigoso. A borboleta vice-rei também finge ser outra espécie. Ela imita a borboleta-monarca, que tem gosto ruim para bichos que se alimentam do inseto.

 

Saiba Mais

As listras da zebra enganam os leões e outros predadores. Ao correr em ziguezague embaralha a visão dos inimigos, que não a encontram. Enquanto isso, foge a quase 60 km/h. É ainda mais eficaz quando está em bando, pois fica difícil saber onde começa e termina cada animal.

Camuflagem e mimetismo são tão importantes para a sobrevivência quanto dentes, garras e bicos. Há, inclusive, animais que trocam a cor do pelo de acordo com a estação do ano. A raposa do ártico substitui a pelagem marrom e curta do verão pela branca e comprida do inverno.

Alguns bichos nascem bem diferentes dos pais para ficarem ainda mais protegidos dos predadores. A coruja-das-neves adulta é bem branquinha, enquanto suas crias saem dos ovos com plumagem da cor do carvão. Assim também podem ficar disfarçadas no ninho.

Consultoria de Fábio Oliveira do Nascimento, zoólogo do Museu do Zoologia da USP, e de Vivian Trevine e Mônica Piza, biólogas da USP




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