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Ciganos estariam envolvidos em seqüestro seguido de morte em Campinas
Renata Garcia
Do Diário OnLine
15/01/2002 | 00:28
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Uma testemunha da comunidade cigana revelou nesta segunda-feira ao Jornal Nacional, da Rede Globo, que há envolvimento de ciganos na morte de Rosana Rangel Melloti, 52 anos. A cigana foi morta na última quinta-feira ao ser libertada de um seqüestro em Campinas, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista, depois de passar seis dias em um cativeiro. A vítima foi levada para casa pelos criminosos, mas não se tratava da libertação. Depois de descer do carro, ela foi atingida nas costas por tiros de fuzil.

Segundo a testemunha, dois irmãos da comunidade cigana seriam os mandantes do assassinato de Rosana. Eles estariam devendo US$ 250 mil à família dela e teriam envolvimento com Andinho (Wanderson Newton de Paula Lima), apontado como o maior seqüestrador da região de Campinas.

Ainda segundo as informações da testemunha, na véspera do assassinato de Rosana, os seqüestradores ligaram para o marido da vítima pedindo um resgate de R$ 100 mil. Piero Melloti teria dito que no momento poderia pagar cerca de R$ 80 mil, e que no dia seguinte teria o valor pedido. “Faça qualquer esforço e dê o dinheiro que eles querem", disse Rosana ao marido pelo telefone. Ela teria terminado a conversa com a expressão cigana “si rom”, que significa "tem cigano envolvido".

Quarenta minutos depois, Piero teria recebido uma ligação do seqüestrador dizendo: “vá buscar sua mulher que ela está morta na porta da sua casa”. Segundo ele, as negociações estavam encerradas.

Os criminosos levaram Rosana para sua casa por volta da 1h de quinta. Após a vítima descer do carro, os homens dispararam quatro tiros de fuzil AK-47 em suas costas. Três disparos atingiram Rosana, que morreu no local.

Os nomes das supostas pessoas envolvidas no assassinato de Rosana foram encaminhados pela reportagem da Rede Globo ao Comando da Polícia Civil de São Paulo.

Nesta terça, a Secretaria de Segurança Pública irá enviar 50 viaturas para participar de uma megaoperações na cidade.

Buscas-O presidente da Associação de Preservação da Cultura Cigana de Curitiba (PR), Cláudio Domingos Iovanovitchi, informou que a comunidade cigana brasileira está se organizando para prender Andinho.

Em entrevista à reportagem do Fantástico, Andinho afirmou que a polícia ajuda a escolher as vítimas que serão seqüestradas na região de Campinas. Segundo ele, os policiais “passam quando tem ou quando não tem vítima”. O seqüestrador afirmou ainda que grande parte de suas armas — metralhadoras, fuzis e coletes à prova de balas — são dados a ele pela polícia.

Quando questionado quantos seqüestros praticou, Andinho não soube calcular. “Não lembro”, disse. “Quanto eles (policiais) me deram”, afirmou. Ele está foragido da polícia desde junho de 2000, quando fugiu de um presídio de segurança máxima.

Intervenção-A organização não-governamental (ONG) Viva Campinas está colhendo assinaturas para solicitar ao presidente Fernando Henrique Cardoso intervenção federal na cidade.

O presidente da entidade, Agostinho Tabulari, alega que a presença do Exército nas ruas é necessária quando a situação foge ao controle das polícias estaduais. Tabulari afirmou ainda que a população campinense está em estado de pânico devido ao alto índice de criminalidade da cidade.

Em apenas um dia, o abaixo-assinado recebeu cerca de duas mil assinaturas.




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