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Acordo mantém empregos na Mercedes

Fábrica irá concentrar confecção de motores e ampliar exportação, além de produzir o Actros

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
31/10/2019 | 07:28
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DGABC


O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC selou acordo com a Mercedes-Benz que preserva mais de 500 postos de trabalho e garante a vinda de investimentos e novos empregos para a planta de São Bernardo. Entidade e montadora não falam, por ora, em valores nem em número de vagas que podem ser geradas.

A negociação vai ampliar o número de destinos para os quais serão exportados motores, uma vez que a planta da região se tornará, a partir do ano que vem, hub global (produtor mundial) de três modelos clássicos: BR 900, OM 460 e OM 457. Isso porque, o que antes era feito também na Alemanha, ficará concentrado em São Bernardo. A matriz se dedicará a motores mais avançados do que esses. “Nós já produzimos esses motores aqui, porém, vendemos para o Brasil e América Latina, principalmente Argentina. Com a mudança, vamos atender também todo o mercado europeu”, conta o diretor do sindicato Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max.

Hoje, só para distribuir no mercado doméstico, são produzidas 52 mil unidades de motores. A expectativa, segundo Max, é a de que o volume confeccionado seja acrescido em cerca de 30 mil. Com isso, ao somar o número de itens que vão à América Latina, cujo volume não foi estimado, a fabricação pode até dobrar.

Adicionalmente, haverá investimentos para adequar os setores com a vinda de componentes da nova geração de caminhões, como camisa de motor, manga e semieixo do Euro 6 – conjunto de regras que visa reduzir a emissão de poluentes dos veículos a diesel. Além disso, conforme acordo de 2014, o novo Actros será montado a partir de 2020 em São Bernardo. Hoje, o modelo é feito em Juiz de Fora, Minas Gerais. A ideia é que a produção seja descontinuada na cidade ao longo do ano que vem.

“Isso garante a realocação de todos os trabalhadores nesses setores, além de trazer a possibilidade de abertura de novas vagas para o ano que vem”, destacou Max. Operários da planta de Juiz de Fora que tiverem interesse em ser transferidos para a da região terão prioridade na contratação conforme a abertura de vagas. O restante dos postos abertos poderá, eventualmente, ser preenchido por ex-funcionários da Ford, no entanto, eles terão de se submeter ao processo seletivo como todos os profissionais. Hoje, a Mercedes tem 8.000 empregados.

Com as novidades, a ociosidade, que girava em torno de 50% em março e, hoje, está entre 30% e 40%, deve ser ainda mais reduzida, diz Max, sem estimar. Ele explica que o processo de negociação vem desde junho, quando a montadora anunciou o fechamento da estamparia e de áreas relacionadas, ferramentaria ligada à estamparia, oficina mecânica e a terceirização de componentes de eixos e motores. “Não dava para a empresa achar que ia fechar áreas e fazer demissões. Foi um intenso processo de mobilização, negociação e de debates no chão de fábrica para construir o acordo que garante 100% dos trabalhadores dessas áreas com realocações internas”, afirmou.

Em março, a Mercedes inaugurou linha de montagem de cabinas de caminhões na fábrica de São Bernardo, que custou R$ 100 milhões e passou a seguir os conceitos da indústria 4.0, com mais tecnologia e conectividade. O aporte integra valores anunciados em março do ano passado, de R$ 2,4 bilhões, que serão investidos na planta até 2022.

As expectativas para 2020 são boas, em sua avaliação. “Esperamos que, com o resultado da eleição na Argentina, o mercado reaja. É importante, porém, que os governos brasileiro e argentino deixem de lado picuinhas para de fato ajudar o setor automotivo. Desde o fim de 2017, quando o Inovar-Auto chegou ao fim, não temos mais políticas de incentivo a investimentos no segmento.”

Procurada, a montadora confirmou que está alterando algumas atividades na sua fábrica de São Bernardo. “Essa reestruturação, que foi discutida por meio de negociação sindical, tem como objetivo buscar mais eficiência da empresa, aumentar a competitividade de sua operação em veículos comerciais no País e preservar sua mão de obra.” 




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