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Dezenas de pessoas são queimadas vivas dentro de igreja no Quênia
Da AFP
01/01/2008 | 16:02
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O Quênia viveu uma nova noite e outra manhã de distúrbios e violência étnica, que já deixaram 289 mortos desde as eleições de 27 de dezembro, com um caso brutal no qual pelo menos 30 pessoas desabrigadas por causa dos confrontos pós-eleitorais no país foram queimadas vivas nesta terça-feira dentro da igreja na qual haviam se refugiado em Eldoret (oeste do país), informaram a Cruz Vermelha e a polícia.

"Pelo menos 30 pessoas morreram queimadas vivas dentro de uma igreja na área de Kiambaa, em Eldoret, confirmou um policial da província.

"Fomos informados de que 42 pessoas foram levadas para o hospital, gravemente queimadas, mas não posso confirmar o número de mortos na igreja", declarou um funcionário da Cruz Vermelha local.

"O que eu vi é inimaginável e indescritível", declarou o secretário-geral da organização no país, Abbass Gulled, que se encontra na região do vale de Rift.

Imagens aéreas de áreas do oeste do país mostram centenas de casas e barracos incendiados, assim como vários postos de controle instalados nas estradas da região.

"É um desastre nacional", declarou Gullet. Apenas as pessoas do 'bom grupo étnico' podem passar por estas barreiras", acrescentou, sem especificar a quais etnias se referia.

Tensão-  As violências no Vale de Rift, principalmente em Eldoret, podem ser descritas como uma "limpeza étnica", declarou um alto responsável da polícia local.

Em função da situação, o presidente Mwai Kibaki pediu aos dirigentes dos partidos políticos do país que se reúnam com ele para fazer um pedido público que ajude a restaurar a calma.

A situação país preocupa a comunidade internacional, já que o Quênia era considerado uma área de estabilidade na África. A atual onda de violência é a mais grave registrada no país desde um tentativa de golpe de Estado frustrada em 1982 contra o ditador Daniel Arap Moi.

Balanço- Pelo menos 70 mil pessoas fugiram de suas casas na região oeste do Quênia por causa dos distúrbios posteriores à eleição presidencial de 27 de dezembro, informou a Cruz Vermelha.

Ao menos 74 pessoas morreram entre a noite de segunda-feira e a noite de terça-feira. Quarenta e oito corpos, incluindo três crianças e 44 deles com ferimentos de bala, foram levados durante a madrugada para o necrotério de Kisumu.

Kisumu é a terceira maior cidade do Quênia e reduto do candidato de oposição à presidência Raila Odinga, que contestou a vitória de Kibaki.

A cidade, a mais afetada pelos distúrbios, onde a polícia paramilitar está espalhada por todas as áreas, registrou mais de 100 mortes desde domingo em enfrentamentos com a polícia ou lutas entre clãs rivais.

Kisumu está sob toque de recolher diurno, das 6h às 18h, e a polícia recebeu ordens de abrir fogo contra aqueles que não respeitaram a determinação.

Eleições- A missão de observadores da União Européia pediu uma investigação independente sobre os resultados da eleição presidencial, vencida oficialmente pelo atual presidente, Mwai Kibaki.

A Comissão da UA (União Africana) apelou, em um comunicado, que as partes envolvidas no conflito dialoguem para resolver os problemas surgidos na recente eleição realizada no dia 27 de dezembro.

Durante uma reunião com Ahmed Tejan Kabbah, coordenador da missão de observadores da Commonwealth (Comunidade Britânica de Nações) para as eleições gerais, Kibaki explicou que pediu aos dirigentes dos partidos políticos para uma reunião com ele para pedir publicamente a volta da calma, informa um comunicado da presidência.

"O governo multiplicou as operações de seus serviços de segurança para proteger os cidadãos e acabar com a violência", acrescenta o texto.

No entanto, o opositor Raila Odinga, em uma entrevista à BBC, afirmou que não aceita negociar com o presidente até que ele reconheça que perdeu as eleições.

"Os votos devem ser recontados. Estamos dispostos a convidar uma equipe internacional de arbitragem", acrescentou.




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