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Palmeiras solta o grito de
campeão e encerra jejum

Equipe paulista garante empate em 1 a 1 contra o Coritiba
e encerra um jejum de 12 anos sem título nacional de elite

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
12/07/2012 | 07:00
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Foram 12 anos suportando gozações rivais, batendo na trave, sofrendo com problemas internos que se refletiam negativamente dentro de campo. Mas ontem à noite o grito saiu do fundo do peito do torcedor palmeirense: é campeão! E invicto!

O empate por 1 a 1 com o Coritiba, no Estádio Couto Pereira, deu o título e a classificação à Libertadores 2013 ao Verdão. Mesmo saindo atrás no placar, o time não se abateu e na habitual bola parada de Marcos Assunção saiu o gol de Betinho, o do bicampeonato.

O técnico Luiz Felipe Scolari levou a campo o que tinha disponível nas melhores condições. Henrique voltou a frente da zaga, enquanto Mazinho e Betinho faziam as vezes no comando ofensivo, servidos por Daniel Carvalho. Luan foi a surpresa na reserva.

Diferentemente do duelo em Barueri, o Palmeiras mantinha mais a posse de bola e jogava no desespero do Coxa. Quem esperava o time paulista apenas retrancado, o viu criar as primeiras boas oportunidades. Aos 12, após bate-rebate, Mazinho serviu Juninho, que bateu e Vanderlei desviou.

Sete minutos depois, Marcos Assunção levantou para a área, a zaga paranaense ficou parada e assistiu Betinho desviar pelo lado direito da meta. Assunção voltou a assustar aos 27, em cobrança de falta que passou rente à trave direita.

Errando muitos passes, o Coritiba teve grande chance aos 28, quando Everton Costa ajeitou para Rafinha, que finalizou rente ao poste. Mas nada que abalasse o Palmeiras, que afastava de qualquer jeito toda bola que representava perigo.

Antes do intervalo, no entanto, o Verdão - que já jogava sem Valdivia (suspenso) e Barcos (em recuperação) - perdeu Thiago Heleno, lesionado.

Na segunda etapa, ao Coritiba não restava outra situação que não atacar. O Verdão, por sua vez, seguia segurando de todas as formas as investidas paranaenses. Restou ao time da casa, então, apostar nas bolas paradas. E foi assim que, aos 16, Ayrton cobrou falta com perfeição e abriu o placar.

Mas nem deu tempo para a torcida comemorar. Aos 20, Mazinho recebeu falta na entrada da área. Marcos Assunção bateu, Betinho desviou e deixou tudo igual. Desta forma, o Coxa precisava de mais três gols para ser campeão, mas não foi possível.


Betinho: da desconfiança ao heroísmo

De jogador dispensado pelo São Caetano a herói palmeirense na Copa do Brasil. Mesmo sob desconfiança da torcida e até mesmo do técnico Luiz Felipe Scolari, o atacante Betinho ocupou a vaga de Barcos nos dois jogos finais da Copa do Brasil, sofreu o pênalti convertido por Valdivia no primeiro duelo e marcou o gol de empate no confronto de ontem à noite, que garantiu o bicampeonato ao Verdão.

Ao fim do jogo, muito emocionado, o atacante desabafou: "É até difícil falar. Depois de tudo o que passei, cheguei sob desconfiança... Tenho muito a agradecer ao Barcos, que também merece muito esse título pelo que fez", disse Betinho. "Quero agradecer ao papai do céu e dedicar o título à minha filha", emendou.

Contratado por período de experiência, agora Betinho deve, enfim, fechar vínculo com o clube, o qual agradece. "O grupo me acolheu, o professor deu esperança. Aproveitei e agora é só comemorar. Nosso nome vai ficar marcado e ninguém vai esquecer a gente", concluiu.


Felipão cala os críticos, mas tem futuro indefinido

Se antes do jogo decisivo da Copa do Brasil o futuro do técnico palmeirense Luiz Felipe Scolari parecia sombrio no Palestra Itália, com a conquista de ontem voltou a ficar mais claro - ao menos temporariamente. O contrato entre as partes vai até dezembro e, com o quarto título do treinador no torneio nacional (o segundo pelo Alviverde, além dos conquistados no Criciúma e no Grêmio), é certo que a diretoria tentará renovar o vínculo para que ele possa conduzir o time na busca pela segunda taça na Libertadores, em 2013.

Diante da pressão pela falta de títulos após as fracas campanhas no Brasileiro de 2011 e no Paulistão deste ano e pelo alto salário - cerca de R$ 700 mil -, o treinador chegou a afirmar há cerca de dois meses que não permaneceria após o término do contrato. Colocou por mais de uma vez o cargo à disposição do presidente Arnaldo Tirone, que sempre deixou claro o apoio a ele.

Ontem, Felipão riu e chorou.Resta saber se aceitará o novo desafio ou deixará o clube em dezembro com sentimento de dever cumprido. Isso só o tempo irá dizer.


Clube é o maior vencedor do País com 11º título nacional

Com o título de ontem à noite, o Palmeiras é o clube que mais taças coleciona no futebol brasileiro. Ao levantar a segunda Copa do Brasil (a primeira foi em 1998), o clube alcançou a 11ª conquista nacional, levando-se em conta os oito troféus do Campeonato Brasileiro (1960, 1967 - duas vezes - 1969, 1972, 1973, 1993 e 1994) e o da Copa dos Campeões (2000).

E a taça levantada em Curitiba reacende a vontade do Palmeiras de voltar aos tempos de glória. Historicamente, o clube teve dois momentos mais marcantes. Entre 1966 e 1976, foram cinco conquistas nacionais e quatro Campeonatos Paulistas. Depois, entre 1993 e 2000, na chamada  era Parmalat, foram quatro conquistas nacionais, três estaduais, dois Torneios Rio-São Paulo, uma Copa Libertadores e uma Mercosul.

A meta agora é começar, a partir do título da Copa do Brasil, outro longo período no topo do futebol brasileiro. E as mudanças começam na estrutura do clube, com a inauguração da moderna Arena Palestra, prevista para o fim do ano que vem. Claro que isso passa pela recuperação no Brasileiro deste ano.

E o Palmeiras quer estrear a nova casa campeão da Copa Libertadores, uma vez que já está classificado para voltar à competição continental em 2013. O cenário está montado para futuro melhor pelos lados do Palestra Itália.


Jogadores não conseguem segurar as lágrimas

Foi impossível segurar as lágrimas após o apito final. Irradiantes com o fim do tabu, os jogadores palmeirenses pareciam com o discurso ensaiado e creditaram o título à união do grupo, que se fechou na reta final da Copa do Brasil e conseguiu devolver a alegria aos torcedores após 12 anos.

Um dos mais emocionados era o capitão Marcos Assunção, que deu o passe para o importante gol de Betinho. "Passei por muitas coisas nesses dois anos que estou no Palmeiras, muita humilhação por parte de todos, principalmente após a goleada por 6 a 0 que sofremos para o Coritiba. Muitos não acreditavam no Palmeiras, mas nós jogadores sabíamos da nossa capacidade", comentou o atleta, que dedicou a conquista aos filhos.

Fora da decisão por estar suspenso, o chileno Valdivia também participou da festa, ao lado do argentino Bárcos, lesionado. "Estou muito feliz por conquistar esse título pelo Palmeiras, depois do sequestro que sofri. Tive a chance de erguer a taça no Paulista, não consegui, mas agora veio e sinto que fui muito útil durante a campanha", avaliou.

Formado nas categorias de base do clube e palmeirense de coração, o goleiro Bruno também estava muito emocionado com o sonho concretizado. "Merecemos essa conquista. Amo esse clube de coração e queria muito dar esse título para os torcedores que esperavam há muito tempo por esse grande momento", declarou o jogador, lembrando dos últimos 12 anos sem títulos nacionais de elite.

Sentindo nitidamente lesão na coxa direita, o atacante Luan foi guerreiro nos instantes finais e não deixou o time com um a menos, já que Felipão já havia feito as três alterações. "Acho que essa conquista mostra o espírito do grupo. Desde o funcionário que corta a grama do centro de treinamento até os jogadores. Todos foram importantes nesse título", enfatizou o atacante. Anderson Fattori




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