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Cresce o número de microempreendedores individuais na região

Ter o próprio negócio legalizado e garantir a aposentadoria estão entre os diferenciais

Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
26/12/2013 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 O mundo do emprego está em transformação. Atividades que antes exigiam a intervenção humana hoje são desempenhadas por programas de computador ou robôs, o que exigiu que profissionais dos mais diferentes ramos tivessem de rever seu futuro profissional. Muitas destas pessoas foram obrigadas a esquecer o mundo seguro da carteira assinada e se aventurar em atividades como autônomas ou como colaboradoras sem vínculo empregatício, que, no fim do mês, em vez de receber um hollerith, dão nota fiscal.

Para que este tipo de profissional possa exercer sua atividade regularmente, recolher impostos e garantir sua aposentadoria foi criado o sistema de MEI (Microempreendedor Individual) que também atende às pessoas que têm o sonho de abrir seu próprio negócio e o fazem com pequeno capital.

O procedimento é simples e está descrito no Portal do Empreendedor como MEI. O limite para esse tipo de empresa é faturar até R$ 60 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular. O sistema permite, inclusive, que o empreendedor tenha um empregado contratado que receba o salário-mínimo ou o piso da categoria.

<EM>Seja para prestar serviço para outras empresas ou para conquistar o mercado como empresário, cada vez mais habitantes da região consideram o microempreendedorismo individual uma opção. Até dia 20 de dezembro, a região contabilizava 41.381 MEIs. São Bernardo é a cidade que detém o maior número, 12.652, seguida por Santo André, com 11.045. O terceiro lugar fica com Diadema, com 7.120.

“Incentivamos as pessoas a se formalizarem e a encarar sua atividade com profissionalismo e não como algo circunstancial. Sempre aconselhamos os empreendedores a se aprimorarem como gestores”, diz a consultora do escritório regional do Sebrae no Grande ABC, Heloísa Dantonio Endriukaitis.

Por isso, o Sebrae tende a levar sua unidade móvel para locais em que as pessoas que exercem esse tipo de atividade frequentam. “É uma forma de facilitar o acesso”, comenta a consultora. Foi em uma destas ações que Heloísa conheceu Ana Claudia Lima dos Santos, 43 anos, que tinha ido a um hipermercado de atacado para abastecer o seu carrinho de cachorro-quente. “Sempre tinha ouvido falar do Sebrae, mas nunca tive tempo de ir. Mas, quando vi o caminhão deles, fui lá para saber mais. Foi ótimo. Já fiz vários cursos e agora enxergo meu negócio com outros olhos”, diz a andreense Ana Claudia que depois de 20 anos trabalhando com carteira assinada e alguns meses como revendedora de produtos cosméticos por catálogo, partiu para a vida de vendedora de <CF51>hot dogs</CF>. “Engraçado que eu sempre brinquei dizendo que se nada mais desse certo na minha vida, eu ia vender cachorro-quente”, conta, rindo. “Acho que o universo ouviu o que eu dizia. Um dia, numa conversa por telefone, me disseram que tinha alguém vendendo um carrinho de cachorro-quente usado. Na hora eu disse que compraria”, conta. O carrinho custou R$ 1.200, mas o seu sonho não tem preço. “Agora que estou virando empresária, quero aprender tudo o que puder ajudar o meu negócio a decolar”, diz Ana Claudia.

 

APOSENTADORIA - O MEI pode contribuir para a Previdência Social com uma alíquota reduzida, de 5% sobre o salário-mínimo. Com essa alíquota, os MEIs pagam R$ 33,90 de contribuição previdenciária e mais R$ 1 de ICMS (comércio ou indústria) ou R$ 5 de ISS (prestação de serviço). É preciso ficar em dia com as contribuições para manter a qualidade de segurado e, assim, ter direito aos benefícios previdenciários como auxílio-acidente, por exemplo.

Mas nem todos acham suficiente. Se for financeiramente possível, o MEI deve tentar contribuir com mais. Para a professora de Direito Previdenciário da Universidade Presbiteriana Mackenzie Zélia Luiza Pierdoná, a contribuição precisa ser maior. “No caso do microempreendedor individual ele recolhe 5%, o que só dá direito a benefícios no valor de um salário-mínimo, o que acaba desestimulando a contribuição, já que o que esse trabalhador receber vai ser o valor de um benefício assistencial”, observa.

 

Com loja de roupa, família realiza sonho

Para muitos, ter virado MEI (Microempreendedor Individual) significa um sonho de carreira perdido, uma situação passageira, uma fase ruim. Mas para outros significa uma escolha cercada de sonhos e esperança. Esse é o caso da dupla Sônia e Mariana Carvalho Lopes, mãe e filha, que abriram uma pequena loja de roupas, a Suminata, em Santo André.

Sônia é pedagoga de formação, mas sempre curtiu acompanhar a moda e se tornou costureira hábil e cultivou por anos o desejo de abrir uma butique. Mariana, 27, depois de trabalhar em grandes redes de varejo decidiu embarcar no sonho da mãe. O resultado foi uma loja que começou como multimarcas. Só que, gradativamente, as criações de Sônia vêm ocupando cada vez mais espaço nas araras da loja, graças à boa aceitação das clientes. “Estamos empenhadas em aprender mais sobre o nosso negócio, sobre gestão e marketing. Esse é um setor competitivo, mas é o que a gente gosta. Então, o melhor é se preparar para que a empresa tenha vida longa”, diz Mariana.

De acordo com dados do Portal do Empreendedor, o segundo setor com maior número de inscrições no Grande ABC é, justamente, o de venda de artigos de vestuário e acessórios. O que soma o maior número de profissionais é o de cabeleireiros e outros profissionais do setor de beleza, como maquiadores, depiladoras e manicures. O terceiro setor que mais chama a atenção é o alimentício. Em cidades como Mauá, a venda de cosméticos e produtos de higiene pessoal chama atenção na lista de atividades dos MEIs.




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