Economia Titulo Paralisação
Médicos protestam contra convênios

Cerca de 80% dos pacientes tiveram problemas com planos de saúde

Yara Ferraz Especial para o Diário
24/04/2013 | 07:00
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Médicos que realizam atendimentos de planos de saúde prometem cruzar os braços amanhã em toda a região. A paralisação tem o objetivo de chamar atenção para os problemas enfrentados pelos profissionais de saúde e pacientes.

Segundo pesquisa realizada pela APM (Associação Paulista de Medicina) junto ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo e Federação Nacional de Associações de Prestadores de Serviço de Fisioterapia, divulgada ontem, os profissionais e os clientes estão insatisfeitos com o serviço.

Dos 5.000 trabalhadores ouvidos pela pesquisa, cerca de 46% dos médicos classificam os convênios como ruins ou péssimos. Esse número é ainda maior entre os fisioterapeutas, com 62%; e entre os dentistas, 69% dos profissionais têm a mesma opinião.

A auxiliar de faturamento, Gislaine Martins, que tem um plano empresarial, já teve um grande contratempo com a operadora que quase ocasionou um problema de saúde maior. Ela teve que aguardar, internada no hospital e com dores, 25 dias para que a o convênio liberasse autorização para uma cirurgia na coluna. "Tive que falar com o diretor da empresa que eu trabalho, para ele entrar em contato com o plano, só assim a situação foi resolvida. Depois ainda tive que aguardar dois dias, para o médico vir de outro hospital e fazer a cirurgia", afirmou.

Outro dado alarmante é o número de pacientes que tiveram que recorrer ao SUS (Sistema Único de Saúde) ou a atendimentos particulares em função dos obstáculos do convênio. Segundo os dentistas ouvidos na pesquisa, 80% deles confirmaram que isso já ocorreu com seus pacientes; 86% dos médicos disseram que sim; e 91% dos fisioterapeutas também responderam no afirmativo.

Segundo o médico Florisval Meinão, presidente da APM, os números já eram esperados. "A insatisfação é muito grande e, com a pesquisa, queríamos dimensionar isso, ou seja, de 5.000 funcionários, cerca de 90% não estão satisfeitos e isso é um dado preocupante", declarou.

A porcentagem dos profissionais da saúde que declaram que os pacientes já tiveram que recorrer ao SUS, também preocupa o Meinão. "É um grande número de pacientes que precisam recorrer ao SUS, e essas empresas de planos de saúde, devem ressarcir o sistema quando isso acontece e não o fazem. O SUS acaba atendendo, sem receber."

CONSUMIDOR - A APM e a Proteste (associação de consumidores) recomendam que os usuários verifiquem se o médico vai aderir à paralisação e, no caso positivo, marcar sua consulta para outra data ou reagenda-la.

De acordo com a advogada do Proteste, Sonia Amaro, a manifestação é legítima, mas o paciente não deve ser lesado. "Isso não pode significar prejuízo para o consumidor. Se houver alguém com algum problema urgente ele tem que ter atendimento", afirmou.

Segundo o Meinão, a orientação é de que nenhum paciente seja prejudicado. "Nossa recomendação é de que sejam criteriosos ao negar atendimento e reavaliar as consultas já agendadas. Se o caso for grave, ele deve ser atendido", diz.

A APN diz que estão sendo feitas negociações com todas as empresas de planos de saúde para discutir melhoras no atendimento aos profissionais e pacientes. A equipe do Diário entrou em contato com a Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), mas a associação afirmou que só representa os planos de saúde institucionalmente e que essas negociações são feitas sem a presença da entidade.

De acordo com a chefe de gestão de defesa do consumidor do Procon de São Bernardo, Ângela Galuzzi, o item convênios já não é o que tem as reclamações mais altas no Procon da cidade. "Na semana costumam aparecer um ou dois casos de reclamações, porque elas diminuíram muito depois do Estatuto do Idoso", disse.

Dados do Procon de Diadema também confirmam que o setor diminuiu o número de queixas, ficando em quinto lugar na lista.

Segundo a advogada do Proteste, o consumidor que se sentir lesado pelo plano de saúde, deve primeiro procurar a operadora para resolver a questão. "A primeira coisa a ser feita é entrar em contato com a empresa para o problema ser resolvido amigavelmente. Depois com o Procon", declarou. Em último caso, o usuário também pode recorrer à Justiça para ter seus direitos preservados.

 

 




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