Em balanço dos 90 dias de atuação da nova legislatura da Câmara de São Caetano, o presidente Sidnei Bezerra da Silva, o Sidão da Padaria (PSB), avaliou que o Legislativo passa por momento de transição de influência, incluindo agitação e discursos independentes no plenário, fruto da atual conjuntura política.

"São vereadores novos, com ideias novas e vontade de discutir. A maioria deles estava do outro lado, não fez campanha para o prefeito Paulo Pinheiro (PMDB)", analisou Sidão. Historicamente, o Legislativo tinha perfil governista e não costumava tomar atitudes que atrapalhassem o Paço. Hoje, requerimentos de informação sobre trâmites do Executivo são aprovados em bloco em todas as sessões ordinárias.

Além desse prisma, o plenário foi ampliado de 12 para 19 vereadores e a interrupção de 30 anos de gestões petebistas à frente do Palácio da Cerâmica mudaram o cenário. Sidão comparou o novo panorama com à situação do ex-prefeito e hoje secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, José Auricchio Júnior (PTB), que atuou em oito anos das três décadas de administrações petebistas. "O Auricchio tinha um grupo formado. Mas acho que, com habilidade do Paulo Pinheiro e sua equipe, nós vamos conseguir isso o mais rápido possível."

Esse comportamento da Câmara também indica a alteração de postura do Executivo em relação ao Legislativo. "Os vereadores não estão mais sendo cerceados no gabinete do prefeito. Há liberdade de atuação muito maior. O Pinheiro foi vereador e sabe como é o trabalho aqui. Agora está bem melhor do que antes", explicou o socialista. Na gestão Auricchio, a influência do Paço nos parlamentares era muito maior. Todos os projetos de lei precisavam contar com aval do petebista antes de irem ao plenário.

Essa transição, segundo Sidão, tem tomado 70% de seu tempo para tratar da atuação política do vereador. Como ele foi eleito com apoio do prefeito, é visto como um dos canais de diálogo com Pinheiro, além de ser consultado previamente das ações parlamentares.