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Quarta-Feira, 15 de Maio de 2024

Cultura & Lazer
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Preservação e uso local
Documentário sobre Billings e represas de São Paulo mira o streaming
Lays Bento
01/05/2024 | 12:08
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FOTO: Divulgação


No longa-metragem ‘Guardiões das Águas’, disponível ao público desde novembro no YouTube, o espectador é convidado a navegar em uma reflexão profunda pelas águas do Estado de São Paulo, como o Rio Pinheiros e Tietê. Sobretudo, foram necessários 5 meses de produção para que os 50 minutos de filmagem pudesse retratar com destaque, inclusive, a realidade do principal manancial do Grande ABC e um dos maiores da Região Metropolitana: a Represa Billings. 

Com tradução em Libras, audiodescrição e também legendas descritivas, o projeto custou R$ 919.600 e foi tirado do papel por meio da Lei de Incentivo à Cultura - Rouanet, o que propiciou que, em primeira mão, o documentário fosse lançado e se mantenha em exibição desde outubro por escolas públicas de São Paulo. 

Ao todo, são seis os pontos de pano de fundo da narrativa documental: com as represas que cruzam municípios, Billings e Guarapiranga; assim como o Rio do Peixe (Santos), Rio Jaguariúna (em uma cidade homônima do interior paulista), e os rios Pinheiros (da capital) e o extenso Tietê. 

E o que começa a partir da expedição pelos espaços do ecoesportista Dan Robson, conhecido como “Guardião das Águas”, termina, sobretudo, em uma indagação perpétua, de como efetivamente nadar contra a maré quando o assunto é preservar um recurso finito e tão necessário.

Pelas margens de cada um dos reservatórios, o enredo promove ainda entrevistas com importantes personagens locais, que atuam pela consciência ambiental do recurso que flui nas grandes cidades. É partir deste holofote sobre a água, sobretudo, que nasce a abordagem de temas importantes a qualquer ser humano, como a superação do luto e propósito de vida.

“Se pensar na geração dos nossos avós, o conceito de um rio poluído não existia e nem mesmo se ouvia sobre ecologia. Agora, a gente tem uma vida relativamente curta, com 70 ou até 100 anos, que nem chega parte do tempo levado para depuração de um rio. Se o processo de cuidar da água parar, o processo retrocede. É preciso insistir até que a situação realmente melhore", reflete Dan.

PROTAGONISMO 

Na visão apresentada ao longo do documentário por Marta Marcondes, professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), bióloga e também coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Híbridos), a melhoria da Billings requer um olhar fragmentado. Entretanto, para ela, “uma coisa é certa: existe um total descumprimento da Lei Específica da Billings (nº 13.579/2009)”. 

“Se eu pudesse resumir em uma palavra o que tem ocorrido por lá é indignação. Até existem compartimentos com excelente qualidade de água, como é o caso dos Braços Rio Pequeno, Capivari e Pedra Branca. E outros também apresentam uma situação regular, como é o caso dos Braços do Rio Grande, Taquacetuba e Borore. Mas com certeza se destacam aqueles em ruim ou péssima condição, como são os braços Cocaia, Grota Funda e os Corpos Central I e II”, aponta. 

Em falas no documentário e apontamentos especiais ao Diário, a especialista estima que somente no reservatório que chegou aos seus 90 anos, seja garantido o abastecimento de aproximadamente 8 milhões de pessoas, com impacto direto da manutenção do principal bioma do Estado, a Mata Atlântica. E, por tamanha importância, tanto sociedade, como gestores precisariam se sensibilizar com a problemática que o manancial enfrenta.

"Se, por exemplo, o polo petroquímico explodir, toda a atmosfera ficará contaminada e muita gente pode morrer, sem distinção de ''''bairros chiques''''. Mas quando falamos de saneamento de água é o oposto, não é igual para todos. Se detonarem com a água, com certeza terá uma meia dúzia que terá água, enquanto os outros sofrerão”, alerta. 

Para além da ótica de especialistas em torno da Billings e demais áreas, de forma sensível, é com as histórias de pescadores artesanais, ribeirinhos e aldeias que o documentário destaca a preservação. Para estes, a crítica, de forma regional, se atém, principalmente, ao despejo de água sem tratamento do Rio Pinheiros na Represa Billings quando ocorrem enchentes na cidade de São Paulo ou há risco de cheia no rio da cidade vizinha. 

“Tem duas pessoas que sempre me incentivaram a construir um barco e não uma casa para viver. Uma delas foi meu marido, que perdi há 10 anos, depois de 30 anos de casados, cheios de memórias na beira da represa; a outra era o meu pai, que me incentivou a não desistir de coordenar a colônia de pescadores. Por isso que a Billings é a minha vida… vemos certos projetos acontecer dentro dela e como podem achar que isto não dói?”, desabafa Vanderlea Rochumback, pescadora e proprietária da Billings Tour.

Vale destacar que o público pode assistir ao documentário pelo canal do YouTube: https://www.youtube.com/@GuardioesdasAguas. Em breve, o material deve ser lançado em festivais com projeção para streaming, segundo as equipes responsáveis, das agências All Records e La Mela e Usina: “foram tantas participações do Grande ABC, que até pensamos em fazer um minidoc de cada região. São estes pequenos pedaços de bondade que salvam o mundo”, destaca a diretora do filme, Luanna Cavalcante.




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