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Metade das residências já possui carro ou moto

Pesquisa mostra mudança de perfil da população brasileira

15/12/2010 | 07:30
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Quase a metade dos domicílios brasileiros dispõe de automóveis ou motocicletas para atender o deslocamento dos seus moradores. O percentual de lares com carro ou moto passou de 45,2% em 2008 para 47% no ano passado. Os dados fazem parte de comunicado do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), com base nos resultados de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Para o Ipea, o estudo indica "mudança do perfil de mobilidade da população brasileira, que vem utilizando cada vez mais o transporte motorizado individual nos seus deslocamentos".

Em 37,5% dos domicílios do País há registro da posse de automóvel. Já 16,2% registram a posse de motocicletas - percentual que deve subir, segundo o Ipea, em razão do "aumento das vendas, principalmente para a população mais pobre, em função dos preços acessíveis das motocicletas de baixa cilindrada".

Na faixa da extrema pobreza - renda de até um quarto do salário-mínimo per capita (por pessoa) -, 17,7% das famílias possuem carro (5,2%), moto (11,4%) ou ambos (1,1%). A predominância do registro de motocicletas nessa faixa se dá pelo preço desse tipo de veículo, mais baixo. Já na linha de pobreza, que considera renda de até meio salário-mínimo per capita, 24,6% das famílias têm veículos privados.

"A tendência é de que nas faixas mais baixas de renda ocorram as maiores taxas de crescimento da posse de veículos privados, em função das demandas historicamente reprimidas, das políticas de aumento de renda da população mais pobre e da ampliação do crédito para essas famílias", diz o comunicado.

Santa Catarina lidera o ranking de lares com posse de veículo privado. No Estado, 70,5% das famílias possuem automóvel ou motocicleta. Na sequência aparecem Paraná (61,7%), Distrito Federal (59,7%), São Paulo (59,1%) e Rondônia (56,1%). Apesar de Rondônia figurar entre os cinco primeiros, os Estados das regiões Norte e Nordeste são os que apresentam os menores índices de motorização por domicílio. Alagoas é o Estado menos motorizado: apenas 26,3% dos lares registram posse de veículo privado.

TEMPO PERCURSO - O comunicado do Ipea informa ainda que 68,4% das pessoas que responderam se deslocar de casa para o trabalho diretamente - sem parar em outros lugares -, independentemente da modalidade de transporte, gastam menos de 30 minutos para realizar o percurso. Outros 9,4% perdem mais de uma hora nesse trajeto.

O estudo aponta que os moradores de cidades que pertencem à região metropolitana gastam mais tempo nos deslocamentos que as pessoas de municípios não pertencentes às regiões metropolitanas: 50,9% dos que moram em cidades da região metropolitana gastam menos de 30 minutos, ante 77,6% dos que vivem em municípios que não pertencem à região metropolitana.

O Ipea informa, considerando as regiões metropolitanas brasileiras, que Porto Alegre possui o maior percentual de trabalhadores que se deslocam diretamente para o trabalho com tempo inferior a 30 minutos: 67,2%. Na outra ponta do ranking estão São Paulo, onde 44,4% dos trabalhadores gastam mais de 30 minutos, e Rio de Janeiro (43,9%), "em função do tamanho dessas metrópoles e da maior complexidade dos seus sistemas de mobilidade urbana".

Homens e brancos ainda detêm maior renda salarial

O estudo do Ipea divulgado ontem mostra que as mulheres ainda sofrem com salários abaixo da média dos homens no País. A participação delas não supera os 50% da massa salarial total em nenhuma das seis regiões metropolitanas verificadas pela PME (Pesquisa Mensal do Emprego), do IBGE, que serviu de base para o estudo do Ipea. De acordo com o Censo 2010 do IBGE, há 95,9 homens para cada 100 mulheres no País.

A massa salarial das mulheres no Brasil atingiu R$ 12,7 bilhões em outubro enquanto em janeiro do ano passado foi de R$ 11 bilhões. No mesmo período, os rendimentos dos homens somavam R$ 21,2 bilhões e R$ 19,1 bilhões. A maior participação feminina na massa salarial é verificada nas regiões metropolitanas de Salvador e Porto Alegre. E ainda assim respondem por cerca de 40% do total. Belo Horizonte e Rio de Janeiro têm o resultado mais baixo neste quesito: 36,4%. Em São Paulo, a massa salarial das mulheres somou em outubro R$ 5,8 bilhões e a dos homens, R$ 9,3 bilhões. "Fica claro, então, que ainda existe concentração de renda para pessoas do sexo masculino", afirma o documento do Ipea.

Os dados compilados pelo Ipea a partir do IBGE mantêm a região metropolitana de São Paulo como a de maior representatividade na massa salarial do País, com rendimento de R$ 15,2 bilhões em outubro (em janeiro de 2009 era de R$ 14,6 bilhões). Recife, em contrapartida, tem a menor massa salarial: R$ 1,7 bilhão em outubro passado (somava R$ 1,3 bilhão em janeiro de 2009).

No conjunto das seis regiões metropolitanas, a massa salarial cresceu de R$ 30,2 bilhões no início do ano passado para R$ 34 bilhões em outubro de 2010.

Ipea aponta redução sutil das desigualdades regionais

O Brasil conseguiu reduzir a desigualdade entre Estados e entre as regiões do País, de 1995 a 2008, no que se refere à participação no PIB (Produto Interno Bruto) e no PIB per capita das unidades federativas. O dado é do Ipea. Apesar da redução, a entidade afirma que essa tendência foi sutil e não provocou mudança substancial no padrão de distribuição da atividade econômica no País.

Com base em dados do IBGE, o estudo do Ipea aponta que a região Sudeste perdeu participação na composição do PIB nacional. Em 1995, os quatro Estados do Sudeste respondiam por 59,1% do PIB. Em 2008, caiu para 56% - apesar disso, apenas São Paulo e Rio de Janeiro são responsáveis por 45% do PIB do País.

O maior crescimento ocorreu na região Nordeste, que passou de 12% em 1995 para 13,1% em 2008 sua participação no PIB nacional. A região Centro-Oeste passou de 8,4% para 9,2% no mesmo período; o Norte de 4,2% para 5,1%; e o Sul, de 16,2% para 16,6%.




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