Abstenção foi de 17,41% dos 1.932.269 eleitores, índice
que equivale aos votos de Rio Grande da Serra e Mauá juntos
O povo brasileiro deixou de comparecer às urnas anteontem como não fazia desde a volta do voto direto para presidente, em 1989. O índice de abstenção do País no segundo turno foi 0,01% maior do que o verificado na eleição presidencial de 1998, até então o pleito com menor comparecimento no período.
Embora a população do Grande ABC ainda tenha tido presença maior do que a média do Brasil e do Estado, a região também bateu recorde ao registrar abstenção de 17,41% dos 1.932.269 eleitores - número que equivale aos votos de Rio Grande da Serra e Mauá juntos.
Para o cientista político Francisco Fonseca, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), o alto índice se explica por três motivos: o feriado prolongado, a sensação de que o resultado já estava definido e o tradicional crescimento das abstenções no segundo turno.
"O feriado de Finados é religioso, em que muitos prestam homenagem aos mortos. Isso pode ter contribuído para viagens, além dos eleitores que já passeiam longe de suas cidades nos feriados", avalia.
O resultado do primeiro turno, quando a petista Dilma Rousseff ficou a apenas três pontos percentuais de vencer a eleição, e as pesquisas que a colocavam na frente durante o segundo turno, contribuíram para afastar os eleitores.
"Certamente, se houvesse uma disputa mais acirrada, haveria um comparecimento maior. Mas, como a eleição já parecia definida, houve apoiadores dos dois candidatos que não foram votar."
O professor não acredita, entretanto, que a falta de comparecimento, aliado à grande quantidade de votos brancos e nulos, tire legitimidade do pleito. "(Isso) Não coloca em questão a democracia no Brasil. É um fenômeno normal", garante.
Mesmo posicionamento adotou o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Ricardo Lewandowski, que considerou o índice "dentro do tolerável" e avaliou que ele "não macula o resultado das eleições".
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