Questione os jogadores do Uruguai sobre a importância de terminar a Copa do Mundo na terceira colocação. A resposta, fatalmente, será uma overdose de adjetivos que valorizam a disputa, afinal, desde o quarto lugar obtido em 1970, a Celeste não fica em evidência mundial. Por conta disso, o confronto com a Alemanha, hoje, às 15h30 (de Brasília), no Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, ganhou status de grande decisão. Para os alemães, acostumados a brigar por títulos, a euforia é compreensivelmente menor e os interesses pessoais é que ditam o embalo da equipe.

Antes mesmo de a bola rolar, o Uruguai enfrenta dois desafios: recuperar fisicamente seus principais jogadores. O zagueiro Lugano, com lesão no joelho direito, e o atacante Forlán, com desconforto muscular, lutam para reunir condições de jogo. Apesar de não estarem 100%, os jogadores querem estar em campo. "Estou quase bem, me parece que estarei disponível. Agora temos que ver o que vai dizer o médico e depois o treinador", avaliou Lugano, que não jogou a semifinal contra a Holanda.

Líder do grupo, o zagueiro ressaltou o valor da partida. "Estamos conscientes da importância do terceiro lugar. Não chegamos até aqui por acaso. Sabemos muito bem o que queremos, onde estamos e para onde vamos. Escapou uma chance única em nossas vidas e, mesmo assim, seria muito importante o terceiro lugar", declarou Lugano.

Quem está ansioso por voltar a campo é o atacante Luiz Suárez, que cumpriu suspensão diante da Holanda. Apesar de mostrar frustração por ficar fora do momento mais importante da equipe na Copa, o jogador celebrou a fama de herói ao garantir a presença do Uruguai na semifinal graças a uma defesa no último segundo da prorrogação do jogo contra Gana, pelas quartas. "Foi péssimo ficar fora, mas agora só penso na Alemanha, que é uma adversária dura. Vai ser difícil, mas queremos muito esse terceiro lugar", comentou.

Na Alemanha, a missão do técnico Joachim Löw é remontar o quebra-cabeça de um time que parecia perfeito, mas que desmoronou na semifinal diante da Espanha. Além do lado psicológico, o comandante tem que lidar com problemas físicos. Ele mesmo não foi ao último treino por estar gripado. O lateral Phillip Lahm e os atacantes Podolski e Klose, que se recuperam de lesões, também não treinaram.

Desses, quem preocupa de fato é Klose, praticamente vetado. Se isso se confirmar, o alemão não conseguirá bater recorde do brasileiro Ronaldo como o maior goleador dos Mundiais. Klose soma 14 contra 15 gols do Fenômeno.

"Independentemente de quem jogar, preciso animar a equipe que ficou de cabeça baixa após a derrota para a Espanha. Fizemos um torneio excelente e estou certo de que vamos encarar esse encontro com o Uruguai com seriedade", garantiu o técnico Joachim Löw.

Ambição do Uruguai contra a qualidade da Alemanha. A disputa pelo terceiro lugar, que por pouco não foi extinta pela Fifa, ganhou ingredientes interessantes e uma pimenta a mais, afinal, já se passaram 82 anos da última vitória da Celeste sobre os alemães. Será que o tabu termina hoje? É ver para crer.

Mesmo com dores, Forlán joga e quer vitória pelos compatriotas 

Na Copa em que as grandes estrelas fracassaram, o uruguaio Forlán não decepcionou. O jogador do Atlético de Madrid chegou à África do Sul com status de craque, mas como principal referência na equipe Celeste, a expectativa é que fosse bem marcado. Mas Forlán se superou. Assumiu postura coletiva, aceitou ajudar no meio de campo ou no ataque e não foi egoísta. Destoando dos companheiros, o craque marcou quatro gols e chega à disputa pelo terceiro lugar podendo ser artilheiro ou craque do Mundial.

Extremamente humilde, o jogador assume que ser o maior goleador de uma Copa do Mundo é algo importantíssimo, mas trocaria a premiação pela vitória sobre a Alemanha. "Quero marcar para subir no topo dos maiores marcadores e ter o nome eternizado na história dos Mundiais. Mas sei a importância que a terceira colocação tem para o povo uruguaio e estou extremamente motivado em buscar essa conquista", declarou.

Forlán ainda é dúvida para o confronto. Muito desgastado, o atacante acusou dores musculares, porém, até o próprio jogador já fala como se estivesse escalado. "Estou um pouco cansado e depois do ano que tive é normal ter algum problema muscular. Mas o que agora verdadeiramente me preocupa é que façamos boa partida perante um bom adversário. Espero que nosso time consiga impor o estilo que estamos acostumados e saia de campo vencedor", sonha.